Alex, um dos últimos meia armadores no velho estilo do futebol clássico

Elogios de Ganso – Para muita gente, já não se fazem meias armadores como antigamente. Ou ainda: há quem diga que simplesmente já não se fazem mais meias armadores. E ponto. O futebol se acelerou, os laterais se tornaram armas ofensivas, os volantes também, e não é fácil encontrar um camisa 10 que organize a equipe, controle a bola e dite o ritmo do jogo.

No Brasil, o santista Paulo Henrique Ganso é tratado como uma grata exceção que confirma essa regra. É visto como item “vintage”, de colecionador; uma aberração que nasceu sem ter em quem se espelhar, pronto para ser o armador que há anos não se via no futebol brasileiro. Mas o próprio Ganso, em entrevista recente ao portal iG, apontou que existe, sim, um antecessor nessa linhagem. Um que anda ocupado, há sete anos, se tornando um dos maiores ídolos da história do Fenerbahçe da Turquia.

Não é à toa que alguém talentoso como Ganso se diz “fã incondicional” do futebol de Alex. Durante seu auge jogando no Brasil, com Palmeiras e depois Cruzeiro, o meia sempre provocou esse mesmo tipo de admiração anacrônica: como se fosse um jogador clássico do passado transportado para o futebol atual. “Eu ouvi comentários sobre essa declaração dele e, vindo de alguém que joga a bola que esse menino joga, fiquei envaidecido”, admite Alex em conversa exclusiva com o “Fifa.com”. “Acho que há semelhanças e diferenças entre meu jogo e o dele.

Diante da discussão sobre onde andam os tais meias clássicos que se tornaram artigo raro, Alex não acha que eles simplesmente deixaram de surgir, mas sim que têm sido constantemente desestimulados a seguir adiante. “O difícil não é aparecer meias armadores; difícil é treinador que os coloquem para jogar. No infantil, no juvenil, eles existem, mas muitas vezes os técnicos preferem um jogador mais forte, com mais capacidade de marcação. E, no geral, quem tem essa característica de organizar o jogo tem mais dificuldade na parte defensiva; é menos dinâmico”, explica o curitibano. “Têm treinadores que encontram um jogador assim, criativo, e desenham o time a partir desse cara. Outros acreditam que alguém assim não é tão importante; que existem outras saídas.”