Dilma e o ministro Guido Mantega comemoram sem motivos nova classificação de risco do País

Barulho desnecessário – No momento em que o Palácio do Planalto enfrentava dificuldades para lidar com as notícias pouco animadoras da economia nacional, um anúncio da Fitch Ratings proporcionou um alento nos palacianos.

Como já anunciado, a Fitch Ratings elevou a classificação de risco do Brasil para acima do grau de investimento, o que, na opinião de Joaquim Levy, ex-secretário do Tesouro Nacional, já era esperado. “Esta nova nota tem papel importante porque dá uma confiança adicional ao investidor nesse momento que nós queremos aumentar os investimentos. Neste ponto ela é favorável. Mas também, a principal consequência dela, é aumentar a responsabilidade do governo para acelerar reformas e outras tarefas necessárias ao país”, argumentou Levy.

A teoria de que a nova classificação de risco pode facilitar a chegada de investimentos pode ser vazia, pois há nesse contexto alguns importantes fatores a serem considerados.

Quando o governo da presidente Dilma Rousseff, diante da amaldiçoada herança deixada por Lula, decidiu restringir o aumento do salário mínimo, agora fixado em míseros R$ 545, a saída foi sufocar uma eventual intifada de sindicalistas com promessas que são verdadeiro tiro no pé.

Ao indexar o reajuste do salário mínimo, o governo Dilma passou a corda no próprio pescoço, pois com a previsão de alta da inflação para 2011, o aumento do salário mínimo no próximo ano (variação do PIB mais inflação) fará com que, por um lado, haja mais dinheiro na economia, o que aceleraria o consumo, mas por outro pode ressuscitar a onda de desemprego, uma vez que a classe patronal deve reduzir os postos de trabalho. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, continua comemorando o anúncio da Fitch Ratings, mas uma enxurrada ainda maior de dólares na economia verde-loura comprometerá ainda mais as exportações nacionais.

Fora isso, há na economia brasileira alguns preços indexados, situação que representa um considerável perigo para a uma eventual longevidade da inflação. O Banco Central previu que somente em 2012 será possível trazer a inflação para o centro da meta fixada pelo governo federal (4,5% ao ano). Enquanto a inflação, cuja última previsão para 2011 é de 5,6%, está na casa de um dígito, derrotá-la ainda é um sonho possível, desde que isso aconteça em no máximo dois anos. Passado esse período, a inflação alcança o universo dos dois dígitos e torna-se quase imbatível.

Para contrapor o anúncio da Fitch Ratings há, além da inflação, a taxa de câmbio e a alta de juros. Em outras palavras, imaginar que o capital estrangeiro virá ao Brasil em forma de investimentos é passar recibo de tolice. Por outro lado, não custa lembrar que a mesma Fitch Ratings não previu a crise que chacoalhou os Estados Unidos e se espalhou pelo mundo, bem como recomendou ao mercado financeiro aporte de capitais em Portugal, que hoje enfrenta série crise econômica.