Verdes vão à embaixada alemã pedir suspensão de R$ 3 bilhões à usina nuclear Angra 3

Condicionantes – A bancada do Partido Verde na Câmara dos Deputados se reúne nesta quinta-feira (7) com o embaixador da Alemanha, Wilfried Grolig, para solicitar ao governo da primeira-ministra Angela Merkel a suspensão do repasse de recursos financeiros para obras na usina nuclear de Angra 3, no litoral sul do Rio de Janeiro.

Esse repasse, na ordem total de R$ 3 bilhões, faz parte do Acordo Sobre Cooperação no Campo dos Usos Pacíficos da Energia Nuclear, firmado entre os dois governos por meio do decreto nº 76.695, de 1º/12/1975, destinados à aquisição de tecnologia, produtos e serviços para Angra 3.

Já na sexta-feira (8), uma comitiva de senadores viaja ao Rio de Janeiro para avaliar as condições de segurança das usinas Angra 1 e 2 e das demais instalações do complexo nuclear. Os senadores querem saber se Angra está preparada para conter acidentes, a exemplo do que ocorreu em Fukushima, no Japão, e se há um plano eficiente de evacuação das usinas em caso de problemas com os reatores.

Os verdes defendem a suspensão dos recursos até que seja revisto o Programa Nuclear Brasileiro (PNB) e apresentadas respostas aos quesitos de segurança e tecnologia nuclear, uma vez que a tecnologia adotada em Angra 3 é similar a das usinas alemãs e a de Fukushima, no Japão, palco de um gravíssimo acidente ocorrido recentemente. A carta com o pedido do PV será enviada à chanceler alemã.

“Estamos falando de um programa criado e mantido sempre, oculto da sociedade. A população não pode ficar exposta a riscos de acidentes com atividades radioativas, cada vez mais visíveis quando se tornam públicas as falhas cometidas pelos órgãos responsáveis”, alertou o líder do PV, deputado Sarney Filho (MA) à agência “Política Real”.

A Eletronuclear publicou, em sua página na Internet, esclarecimentos sobre o que foi noticiado como retirada de algumas condições para a concessão de licença ambiental para a instalação da usina nuclear Angra 3. A estatal afirma, no documento, que nenhuma das condicionantes deixará de ser cumprida, embora, por motivos diversos, algumas delas tenham deixado de aparecer no documento.

As condições que teriam sido retiradas são manutenção do Parque Nacional da Serra da Bocaina e da Estação Ecológica de Tamoios, implantação da Estrada Paraty-Cunha, construção de repositório para rejeitos nucleares e monitoramento ambiental independente.