Juros altos e inflação persistente podem mandar pelos ares a recente visita de Dilma à China

Água abaixo – Após quase uma semana de visita à china, onde mesclou compromissos oficiais com momentos de turista acidental, a presidente Dilma Rousseff, que chegou em Brasília na madrugada de domingo, retoma as atividades nesta segunda-feira (18) com uma enxurrada de problemas pela frente, a começar pelo inócuo combate à inflação, assunto que o ministro Guido Mantega (Fazenda) – que vive um momento balança, mas não cai – tem enfrentado dificuldades para lidar.

Após assinar acordos bilaterais com o colega Hu Jintao, que, de acordo com o Itamaraty, prevêem cooperação nas áreas de política, defesa, ciência e tecnologia, recursos hídricos, inspeção e quarentena, esporte, educação, agricultura, energia, energia elétrica, telecomunicações e aeronáutica, entre outros, Dilma vê o seu esforço escoar pelo ralo, pois a promessa não tão firme do líder chinês de o país da Grande Muralha comprar mais produtos brasileiros com valor agregado pode dar em nada.

A eventual inocuidade da vista de Dilma Rousseff à China se deve ao fato de presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, ter anunciado que a política de alta de juros da instituição deve continuar como forma de evitar o crescimento da demanda interna, situação que dá sobrevida à inflação.

Com a alta dos juros será difícil conter a entrada de dólares no Brasil, pois os investidores internacionais não perderão a oportunidade de ver suas economias renderem acima da média mundial. Com isso, a cotação moeda norte-americana cai – no mínimo fica no patamar atual – o que prejudica as exportações verde-louras.

No contraponto, o dólar baixo patrocina o aumento da entrada de produtos importados, gerando redução do número de postos de trabalho. Fora isso, as medidas para contenção de crédito tornam-se inócuas, pois os preços dos produtos estrangeiros, a começar pelos chineses, compensam o Imposto sobe Operações Financeiras (IOF) cobrado nos empréstimos e financiamentos.

O mais interessante nessa história é que até agora nenhum petista ousou falar sobre o amaldiçoado espólio deixado por Luiz Inácio da Silva, que vendeu ao mundo uma bolha de virtuosismo que agora estoura na escrivaninha da companheira Dilma Rousseff.