Totalmente despreparados para a Copa, aeroportos brasileiros são ode à falta de planejamento

Sem noção – Logo após a FIFA confirmar que o Brasil sediaria a Copa de 2014, o então presidente Luiz Inácio da Silva abusou da sua insana verborragia e, entre lágrimas, disse que o País realizaria o maior e melhor evento futebolístico da história. Que Lula abusa do palavrório todos sabem, mas é preciso doses de coerência ao se prometer algo tão sério quanto impossível.

Passadas as comemorações que tomaram conta de milhares de cidades brasileiras, Lula foi obrigado a enfrentar as críticas do secretário-geral da FIFA, Jérôme Valcke, que à época externou sua preocupação com os aeroportos brasileiros, que continuam à espera dos prometidos investimentos para as obras de reforma e ampliação. Diante das críticas, Lula, de maneira transversa e inominada, chamou Valcke de “idiota”.

Jérôme Valcke pode sofrer de qualquer outro mal, menos de idiotia. Prova maior está no anúncio feito recentemente pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), para quem nove dos treze aeroportos brasileiros em reforma não ficarão prontos antes da Copa de 2014. O governo federal convocou reunião de emergência na última semana para contestar os dados do Ipea, mas a realidade – dura, diga-se de passagem – é facilmente constatada nos principais aeroportos brasileiros.

Na última sexta-feira (15), a reportagem do ucho.info flagrou uma prévia do que pode acontecer por ocasião da Copa. O Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, registrava congestionamento de passageiros nos balcões de check in às 16 horas. Situação idêntica foi registrada na fila de embarque, antes do raio-X, que em dado momento terminava escada rolante. É verdade que o aeródromo carioca liga as duas principais cidades brasileiras, mas em São Paulo e no Rio acontecerão os principais jogos da Copa, inclusive os de abertura e encerramento, respectivamente, pelo menos por enquanto.

Como se isso não bastasse, o aeroporto Santos Dumont, que passou por recente e custosa obra de ampliação e modernização, é na verdade um monumento à ilógica. Como se sabe, a maioria dos passageiros que utilizam a ponte-aérea Rio-São Paulo é formada por executivos, cujos apetrechos tecnológicos dependem de energia elétrica para o devido carregamento. Acontece que no aeroporto Santos Dumont não há pontos de energia elétrica onde existem cadeiras e poltronas. De igual maneira, mas no contraponto, onde há tomadas não existe qualquer cadeira. Ou seja, quem quiser que se acomode no chão, ao lado da tomada elétrica, ou que fique sem carregar a bateria do celular ou do computador pessoal.

Diante desse quadro, que mais parece uma galhofa, não é difícil imaginar a impressão que os turistas estrangeiros que virão à Copa do Mundo levarão do Brasil.Certo estava Lula quando inventou o bordão filosófico (sic) “nunca antes na história deste país”.