Vergonha nacional – Como era esperado, o Partido dos Trabalhadores aprovou por unanimidade o retorno do mensaleiro Delúbio Soares aos quadros da legenda. Afastado do partido desde 2005, quando foi acusado formalmente de participação direta no escândalo que ficou conhecido como “Mensalão do PT”, Delúbio há muito ensaiava a sua volta ao partido. O primeiro sinal de que isto aconteceria surgiu ainda em 2010, quando Delúbio Soares passou a trabalhar oficiosamente na campanha de Dilma Rousseff rumo ao Palácio do Planalto.
Um dos 38 réus no processo do Mensalão, que tramita no Supremo Tribunal Federal, Delúbio enviou uma carta ao partido solicitando a sua refiliação. No documento o ex-tesoureiro do PT alegou que no período em que esteve afastado não procurou qualquer outra legenda e permaneceu fiel aos dogmas partidários. A decisão da direção nacional do partido, que contou com sessenta votos a favor e quinze contra, permitirá que Delúbio Soares dispute uma vaga de vereador em Goiânia, em 2012, por ocasião das eleições municipais.
A proximidade de Delúbio ao PT durante o seu afastamento pode ser comprovada na noite paulista, onde um conhecido publicitário que se especializou em executar o serviço sujo de campanhas eleitorais gazeteava o seu vínculo com o ex-tesoureiro petista e após alguns goles extras discorria sobre os serviços que prestava ao mensaleiro. Entre as tantas tarefas constantes do seu cardápio, o tal publicitário foi incumbido de encontrar maneiras de prejudicar o tucano José Serra, adversário da neopetista Dilma Rousseff na corrida presidencial do ano passado.
Em tempos pretéritos, o PT, quando ainda engrossava as fileiras estridentes da oposição, sempre condenou toda e qualquer transgressão dos adversários, mas o retorno de Delúbio à legenda pode ser um prenúncio do que pode acontecer com o processo que dormita no STF. Com o passar do tempo e a prevalência da indefinição, a prescrição dos crimes cometidos pelos mensaleiros está cada vez mais próxima. Como disse certa feita um conhecido filósofo de botequim, “nunca antes na história deste país”.
