Leve pneumonia não é motivo suficiente para Dilma Rousseff ir a São Paulo consultar médicos

Fumaça e fogo – Quando a revista “Veja” estampou na capa de uma de suas edições a manchete “A candidata e o câncer”, referindo-se à então presidenciável petista Dilma Rousseff e a sua luta contra um linfoma, os jornalistas do ucho.info criticaram com veemência a publicação semanal, pois a intimidade de um ser humano, político ou não, não pode ser explorada a reboque de questões eleitorais, em especial quando o tema central da especulação é uma doença grave.

No contraponto, quando Dilma Rousseff fez da sua cruzada contra o câncer linfático uma suave ferramenta de campanha, o assunto passou ao domínio público e qualquer um tinha o direito de comentar o tema, desde que respeitada a ética profissional e a dignidade do paciente. Foi o que fizemos ao publicar matéria que afirmava que a doença de Dilma Rousseff obrigou o PT palaciano a trabalhar com um plano B nas eleições de 2010, o que rendeu à legenda o status de maior partido do Congresso Nacional, superando inclusive o até então majoritário PMDB. A estratégia foi adotada porque as consequências de um linfoma não Hodgkin – foi o que acometeu Dilma – são imprevisíveis, mesmo depois de anunciada a cura, algo que só pode ser considerado de forma plena depois cinco ou dez anos do fim do tratamento.

O anúncio feito no final de semana de que a presidente Dilma Rousseff passou por exames no Hospital Sírio-Libanês em São Paulo e que foi constatado um princípio de pneumonia mostra que o ucho.info não estava errado por ocasião da referida matéria. Fora isso, o assunto explica a fúria de alguns petistas com a nossa reportagem, o que levou este sítio eletrônico a permanecer fora do ar nos dias derradeiros da campanha presidencial, fruto de um golpe sórdido e covarde de alguns que se acham donos do poder.

Após o diagnóstico, no domingo (1), Dilma recebeu as orientações médicas e retornou a Brasília, onde nesta segunda-feira retomou a agenda presidencial. Acontece que uma leve pneumonia, como anunciado, não é motivo para que qualquer pessoa saia de uma cidade importante como Brasília e viaje para a principal metrópole brasileira em busca de diagnóstico e tratamento.

Um linfoma – Hodgkin ou não – provoca no paciente uma debilidade do sistema imunológico, situação que não se restabelece completamente após a suposta cura. O intenso ritmo de trabalho deve proporcionar a Dilma Rousseff futuros desconfortos de saúde, se é que tais situações assim podem ser classificadas, sempre lembrando que há nessa história alguns capítulos mal contados.

Ademais, nos bastidores da medicina desconhece-se o termo leve pneumonia, pois como no campo da gravidez não há meio grávida. Por outro lado, não custa lembrar que médicos que conversaram com a reportagem deste site sob a condição do anonimato alertaram para dois temas importantes: a possibilidade de Dilma não estar completamente curada e a chance de Michel Temer assumir a presidência.

E mais: se na capital dos brasileiros não há médicos e hospitais com condições de diagnosticar uma pneumonia e prescrever um tratamento, fica provado que Luiz Inácio da Silva mentiu, em 2006, quando disse que a saúde pública no País estava a um passo da perfeição.