Conselho de Ética deve chamar marido de Jaqueline Roriz, mas ainda não recebeu vídeo da propina

Durval suspende – O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar Câmara aprovou nesta quarta-feira (4) requerimento do deputado Ricardo Izar (PV-SP) para que o empresário Manoel Neto seja ouvido no processo disciplinar que investiga sua esposa, a deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF). Nesta tarde, Durval Barbosa deveria prestar esclarecimentos ao conselho, mas desmarcou o depoimento na semana passada alegando que os deputados poderiam querer coagi-lo em público.

Hoje, o Conselho deveria ter recebido da Procuradoria Geral da República o resultado da perícia do vídeo em que Jaqueline Roriz aparece recebendo dinheiro oriundo do escândalo de corrupção que ficou conhecido como “Mensalão do Democratas”, mas até agora o material ainda não foi enviado ao colegiado.

Izar argumenta que o delator do esquema de corrupção ao qual o nome da deputada pode estar ligado, Durval Barbosa, disse em seus depoimentos que Manoel Neto teria recebido dinheiro em diversas ocasiões, não apenas na ocasião da gravação do vídeo que foi divulgado e em que ambos aparecem recebendo numerário em espécie.

Na avaliação do relator do processo, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), essa recusa em depor não compromete seu relatório e nem as conclusões do colegiado, uma vez que o conselho teve acesso aos depoimentos de Durval à Polícia Federal aos documentos da CPI que investigou o assunto na Câmara Legislativa do DF. “Seria apenas mais uma peça de convencimento, mas podemos concluir os trabalhos perfeitamente sem ouvir Barbosa”, disse.

Como o Conselho de Ética não tem poder de convocar depoentes, como teria uma CPI, pode ser que Manoel Neto também recuse o convite para ser ouvido. Mas o presidente do Conselho, deputado José Carlos Araújo (PDT-BA), ressaltou que ele seria uma testemunha mais ligada à defesa da deputada. “Vamos convidar as testemunhas, mas se elas se recusarem, não haverá problemas, temos elementos suficientes para concluir o processo”, garantiu.

Os deputados Wladimir Costa (PMDB-PA) e Mauro Lopes (PMDB-MG) foram contrários ao convite de Manoel Neto. Costa afirmou que a recusa de mais um convite desmoralizaria a Câmara, enquanto Lopes apresentou um ponto de vista diferente. Para Lopes, a deputada ainda era uma cidadã comum quando teriam acontecido as irregularidades, e não caberia à Câmara julgá-la ou cassar seu mandato. “Esse é um processo para a Justiça comum, em um crime que, se ela cometeu, cometeu antes de ser parlamentar”, disse. Com informações da “Agência Câmara”.