Palocci e Ana de Hollanda puxam a fila de escândalos do governo Dilma, que prometeu intransigência

Dupla de peso – Quando engrossava as fileiras oposicionistas, de maneira estridente, é bom lembrar, o Partido dos Trabalhadores era implacável diante dos tropeços dos adversários políticos. Nada passava despercebido aos olhos do grupo de barbudinhos que tinham o radicalismo esquerdista como cangalha ideológica. Contudo, bastou o PT experimentar as benesses do poder para tornar-se cada vez mais direitista.

Durante a era Lula da Silva, escândalos de corrupção foram varridos para debaixo do tapete, como se aos integrantes da esquerda fosse permitido cometer atos criminosos na pia batismal da impunidade.

Antes de anunciar a equipe ministerial, a então presidente eleita Dilma Rousseff disse em alto e bom som, a quem quisesse ouvir, que seu governo seria formado por técnicos e que não seria admitido nenhum caso de escândalo ou transgressão. Ambas as promessas chegaram aos ouvidos da opinião pública com o prazo de validade vencido, pois o governo federal continuou como a seara do fisiologismo, uma vez que apenas os partidos da base aliada conseguiram emplacar nos primeiro e segundo escalões seus incompetentes de sempre.

No que se refere aos escândalos e transgressões, o perfil “linha dura” de Dilma Rousseff também durou pouco. O primeiro tropeço aconteceu no rastro do imbróglio envolvendo a ministra Ana de Hollanda, da Cultura, que só assumiu a pasta porque seu irmão, o compositor Chico Buarque, reforçou o coro em favor de Dilma durante a campanha presidencial.

Estafeta de luxo do Ecad, Ana de Hollanda lidera a lista dos que devem cair na primeira reforma ministerial, algo que ainda não aconteceu porque sua demissão causaria considerável estrago em um governo estreante. Depois do escândalo envolvendo a cantora Maria Bethânia, que foi beneficiada pela Lei Rouanet na captar de recursos para um site de poesias, agora é a vez de Bebel Gilberto ser contemplada pelas bondades do Ministério da Cultura. Sobrinha da ministra Ana de Hollanda, que até agora não justificou sua nomeação, Bebel está autorizada a captar no mercado R$ 1,9 milhão em patrocínio. Algo que um artista sem padrinho político aguarda durante anos, sendo que nem sempre a espera compensa. Mesmo assim, a presidente continua fingindo que desconhece

Outro inaceitável ato sublimativo de Dilma Rousseff tem no cardápio o “companheiro” Antonio Palocci Filho (PT-SP), cujo patrimônio aumentou vinte vezes em apenas quatro anos. Na manha desta terça-feira (17), aoser perguntada sobre sua saúde e sobre o ministro Palocci, a presidente desconversou ao responder em tom jocoso que “a saúde do ministro Palocci está bem. Ele está inteiro ali, vocês não estão vendo? Todos estamos saudáveis. Todos estamos bem neste país”.

A exemplo do seu mentor eleitoral, Luiz Inácio da Silva, o messiânico, Dilma Rousseff tem demonstrado enorme vocação para a mitomania e o deboche. Se a presidente prefere não investigar a meteórica evolução patrimonial de Antonio Palocci, como forma de evitar mais um escândalo em seu currículo, o povo brasileiro tem o direito de saber como funciona esse milagre da multiplicação, mas usar a galhofa para dissimular os jornalistas que cobrem o cotidiano do Palácio do Planalto é no mínimo um abuso desmedido.