Morrendo na praia – Órgão vinculado ao Ministério das Cidades, o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), em parceria com o Ministério da Saúde, lançou no último dia 11 de maio o Pacto Nacional pela Redução de Acidentes no Trânsito – Pacto pela Vida, campanha que visa reduzir o número de acidentes de trânsito em todo o País. O objetivo da ação é reduzir ao máximo as estatísticas, que apontam 40 mil mortes anuais causadas por acidentes de trânsito e perto de 800 mil feridos.
Como se sabe, no Brasil a maioria das leis é criada tendo a ineficiência como meta principal. No máximo os legisladores conseguem fazer uma lei que deixe brechas que garantam a ação de dos advogados, até porque o milionário em que se transformou o Direito precisa continuar existindo. O assunto, quando tratado fora das fronteiras verde-louras, é visto com enorme estranheza, mas não há como contestar a indignação daqueles que encontram dificuldades para compreender a ineficácia de um custoso Poder Legislativo.
Fora esse detalhe, outros mais podem explicar essa barafunda legal chamada Brasil. Quando a crise financeira internacional, a malfadada “marolinha”, ameaçou desembarcar em terras brasileiras, o messiânico e irresponsável Luiz Inácio da Silva pediu ao povo para que mantivesse nas alturas o consumo interno. E o primeiro setor da economia a ser beneficiado pelas benesses oficiais foi o automobilístico.
No rastro dessa decisão ocorreu uma enxurrada de automóveis novos nas cidades, transformando as ruas e avenidas do País não apenas em um mar de congestionamento, mas em palco de acidentes provocados por motoristas novatos e irresponsáveis, muitos dos quais estreantes diante do volante. E o resultado dessa combinação maquiavélica acabou nos cemitérios e hospitais.
A ideia da campanha do Denatran é não só reduzir o número de mortes, mas ver cair o número de feridos, pois a conta das internações e tratamentos acaba sempre à porta dos cofres federais.
O desafio maior não está em produzir repentinamente uma legião de motoristas civilizados e reduzir o número de acidentes de trânsito, mas fazer com que a sensação de impunidade, que ganhou reforço extra durante os oito anos do governo Lula, saia do cardápio do cotidiano de nove em cada dez brasileiros. Algo difícil de acontecer no país onde um ministro multiplica por vinte o seu patrimônio, em apenas quatro anos, e as autoridades entendem que se trata de algo normal.