Jair Bolsonaro avisa: igrejas estão unidas para enfrentar o movimento gay

Estatísticas furadas – O capitão reformado Bolsonaro, do Batalhão de paraquedistas, tropa de elite do Exército Brasileiro, largou a farda verde-oliva no início dos anos 1990. Concorreu a deputado federal e desde a primeira eleição não perdeu mais nenhuma campanha, mas desde o seu primeiro mandato, de um total de seis até esta legislatura, nunca obteve tanta exposição na mídia. O deputado Jair Bolsonaro sempre foi um parlamentar polêmico ao pregar contra a esquerda e, especialmente, a favor do golpe militar de 1964.

Nos últimos meses, Jair Bolsonaro encontrou um campo fértil de desavenças ao atirar contra o movimento gay. Bastante articulado, o movimento ainda não conseguiu a cassação do seu mandato, mas já permitiu uma espantosa estatística no Judiciário. O ex-capitão responde a nada menos que três mil processos por conta de suas declarações.

Se por um lado o parlamentar foi carimbado como o inimigo público número um do movimento GLBT, por outro Bolsonaro tem arrancado manifestações de várias partes do País. Sua coragem em contradizer o politicamente correto por certo lhe renderá muito mais exposição. Nesta entrevista, concedida ao jornalista Marcos Rosetti, da “Agência Congresso”, o deputado Bolsonaro não poupa seus adversários.

Por que o senhor é um crítico da decisão do Supremo Tribunal Federal que oficializou a união homoafetiva?

Sou crítico porque não é competência deles legislar. Eles deveriam julgar se a lei é inconstitucional ou não. Por que eles não legislam então sobre o Código Florestal?

A criação de república gay, batalhão de PMs gay, são propostas do governo?

Não podemos mais chamar esse Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, de proposta. Tem muita coisa que já está em vigor. Sim, é exatamente o que está ai no panfleto.

O senhor é um dos parlamentares mais odiados pela comunidade gay. Por que defende postura tão critica em relação a eles?

Minha briga não é com a comunidade LGBT, é com a proposta deles, de levar para o currículo escolar, a matéria dita “combate a homofobia,” mas que na verdade estimula o homossexualismo lá no primeiro grau.

Acredita na união das bancadas evangélicas e católicas contra o avanço de projetos que dão mais direito aos homossexuais?

Acredito, não, eles já estão nesta luta, eu até fico até feliz, pois estou desgastado, estou com mais de três mil processos nesta Casa, e essa adesão mostra que estou no caminho certo.

O senhor também critica a distribuição do kit gay pelo MEC?

Esses kits do MEC não podem ser distribuídos. A Secretaria de Direitos Humanos defende cota para homossexuais, estágio remunerado para jovem LGBT, campanha nacional de sexo seguro, bolsa de estudo para jovem LGBT, campanha sexo seguro. Eles não podem dourar a pílula com a palavra homofobia. Eles nos devem (o governo) informações sobre morte de homossexuais. Estou atrás de dados oficiais para saber onde eles morreram, local e data. Pra mim eles morrem em áreas de consumo de droga, onde a prostituição é comum. Morrem assassinados pelos próprios companheiros, porque o ciúme entre eles é muito forte.

Quantos homossexuais existem hoje no Brasil?

Não tem como saber. Esse levantamento é chute, como a ONG Viva Rio fala que existem 7 milhões de armas ilegais no país. Acredito que o número seja pequeno, mas a grande maioria não vai se declarar. E essa maioria está comigo, eles não querem a distribuição desses kits nas escolas. O que eles querem é levar a vida de normalidade, trabalhar de dia e à noite ir por seus prazeres, como o hetero faz, em particular.

Por que o senhor protagonizou polêmica com a senadora do PSol (Marinor Brito, do Pará) sobre o projeto que criminaliza a homofobia?

Até o Ricardo Boechat (jornalista da Band) que não gosta de mim, admitiu que foi ela, a senadora, quem me agrediu. E não fiz panfletos com dinheiro da Câmara, como ela acusou. Esses folhetos são do próprio governo, da Secretaria de Direitos Humanos, só tirei cópia. Agora criar batalhão para gays, para dar segurança apenas aos homossexuais, num país com graves problemas na segurança, porque isso? Por acaso eles são semideuses? Eles não são discriminados. Você conhece algum que não tenha tomado posse por sua opção sexual? (Foto: Brizza Cavalcante – Agência Câmara)