Oposição começa esforço para criar CPI sobre o escândalo que envolve Palocci, chefe da Casa Civil

Relações nebulosas – O líder do PSDB na Câmara, deputado Duarte Nogueira (SP), começou hoje (20) a recolher assinaturas para tentar criar uma comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) a fim de investigar as denúncias sobre a evolução patrimonial do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci Filho. O patrimônio dele cresceu 20 vezes nos quatro anos em que foi deputado federal. São necessárias 171 assinaturas na Câmara e 27, no Senado.

A ideia, segundo assessores da liderança tucana, é alcançar a quantidade necessária de nomes antes da próxima terça-feira (24) para evitar que o assunto perca força no Congresso, devido à votação do novo Código Florestal – assunto considerado polêmico entre parlamentares e governo.

Após a revelação de que aumentou seu patrimônio em 20 vezes nos últimos quatro anos, Palocci está no centro da primeira turbulência política do governo Dilma Rousseff. O jornal “O Estado de S.Paulo” informa, na edição desta sexta-feira (20), que em documento que deve ser enviado hoje à Procuradoria-Geral da República (PGR), “Palocci informa que trabalhou para pelo menos 20 empresas, incluindo bancos, montadoras e indústrias e que boa parte dos pagamentos foi concentrada entre novembro e dezembro do ano passado, quando anunciou aos clientes que não mais atuaria no ramo de consultoria”.

A reportagem do ucho.info revelou na edição de quinta-feira (19) como funcionou o esquema do ministro Palocci, cuja empresa de consultoria, a “Projeto”, ficou durante algum tempo instalada em um escritório da Zona Sul da capital paulista. Não se sabe por qual motivo, mas a Projeto sublocava uma sala no escritório de Ademir Scarpin, consultor e conselheiro de algumas conhecidas empresas.

Lá, no escritório de Scarpin, apenas um assessor do ministro, Brani Kontic, raramente aparecia. Ex-chefe de gabinete do então deputado federal Antonio Palocci, o fiel Brani foi ao escritório de Scarpin para aprender a emitir as notas fiscais eletrônicas da “Projeto”, cujos registros estão arquivados na prefeitura da cidade de São Paulo. Resumindo, Brani Kontic era pago pela Câmara dos deputados para também cuidar dos assuntos relacionados à empresa de Palocci. Kontic, por sua vez, não foi abandonado à beira do caminho com a ida de Palocci para o segundo mais importante gabinete do Palácio do Planalto. Brani Kontic responde atualmente pela chefia da Assessoria Especial da Casa Civil.