Tucanos se desentendem e ação de bastidor pode tirar de Sérgio Guerra a presidência nacional do partido

Penas no ar – Enquanto o PT, legenda que ganhou fama por conta do chamado “fogo amigo”, se une para defender o quase indefensável Antonio Palocci Filho, ministro-chefe da Casa Civil, o PSDB, partido que capitaneia a oposição ao governo de Dilma Rousseff, está cada vez mais dividido.

Com convenção marcada para o próximo dia 30, o tucanato parte para o encontro a reboque de um racha partidário sem precedentes. Tudo porque a briga interna pelo poder está intensa, especialmente porque no cardápio das discussões está a eleição presidencial de 2014. E até lá todos os presidenciáveis do partido querem estar na vitrine da política nacional.

Presidente nacional do PSDB, o pernambucano Sérgio Guerra coordenou a recente campanha presidencial de José Serra, mas é a partir do próprio aliado de 2010 que o timoneiro do partido pode ser alvejado. Submerso politicamente desde a derrota para a neopetista Dilma Rousseff, o ex-governador de São Paulo ressurgiu nas rodas do poder recentemente, com incursões no Senado e na Câmara dos Deputados. Na sequência, Serra lançou sua página eletrônica, o que rendeu uma série de notícias na mídia nacional e comentários nas redes sociais.

Sem nenhum mandato eletivo, José Serra estava fadado a assumir a presidência do Instituto Teotônio Vilela, pro sugestão do governo paulista Geraldo Alckmin, também do PSDB. Ciente de que o cargo lhe proporcionaria certa dose de ostracismo político, Serra se prepara para virar a mesa e tomar a presidência nacional da legenda. Tudo porque Sérgio Guerra agora engrossa a claque do senador Aécio Neves, possível adversário de Serra em eventual escolha do candidato do PSDB ao Palácio do Planalto. Ademais, Geraldo Alckmin é uma conhecida e na leve pedra no caminho de Serra, pois o governador paulista pode tentar permanecer no Palácio dos Bandeirantes ou, em voo mais alto, disputar a Presidência da República.

Enquanto José Serra aguarda o retorno de seus aliados, que foram a campo para viabilizar o cavalo de Troia tucano, o ex-senador e ex-governador do Ceará, Tasso Jereissati, está de olho na presidência do Instituto Teotônio Vilela. Derrotado na eleição de 2010 para o Senado, Jereissati quer voltar à cena política o quanto antes.

Saindo de Fortaleza e deixando para trás a capital paulista, o problema do PSDB aterrissa em Curitiba. Nas eleições municipais de 2012, o candidato natural do PSDB à prefeitura da capital dos paranaenses deve ser, pelo menos em tese e à sombra da lógica, o ex-deputado federal Gustavo Fruet, que teve brilhante atuação na Câmara dos Deputados, onde também atuou como líder da Minoria, e por pouco não se elegeu senador em 2010.

Acontece que o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), deixou a prefeitura de Curitiba para concorrer ao Palácio Iguaçu, e no trono curitibano quer emplacar alguém que lhe garanta a reeleição. E esse nome por certo não Gustavo Fruet, que em 2014 deve disputar o governo do Paraná. A especulação do momento é que Fruet embarque no PSD, o polêmico e barulhento partido criado por Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo.