Prisão do jornalista Pimenta Neves foi transformada em espetáculo para emissoras de TV e delegados

Dois pesos – A prisão do jornalista Antonio Pimenta Neves, ex-diretor de redação do jornal “O Estado de S. Paulo”, na noite de terça-feira (24), tornou-se um espetáculo midiático, com dividendos para alguns policiais, que se derretem diante de câmeras e microfones. Condenado a quinze anos de prisão pelo assassinato da também jornalista Sandra Gomide, crime que ocorreu em agosto de 2000, Pimenta Neves teve o último recursos negado pelo Supremo Tribunal Federal.

Com delegados posando como papagaios de pirata, a imprensa nacional deu destaque a um fato que acontece diariamente no País, mas obviamente com meros desconhecidos. Detalhes de como Pimenta Neves passou a primeira noite na prisão e o fato de ele nada ter comido ganhou a mídia verde-loura. Quando situação idêntica acontece com pessoas comuns e desconhecidas, a imprensa simplesmente vira as costas, apenas porque o assunto não rende audiência e dinheiro.

Diferentemente do que ocorreu no caso da prisão de Antonio Pimenta Neves, a imprensa não noticiou, tempos atrás, a prisão do filho de um diretor comercial de importante rede de emissoras de rádio. O jovem, preso pela Polícia Civil de São Paulo, integrava um grupo de extermínio que mantinha ligações com facções criminosas que dominam os presídios paulistas. Por ocasião da prisão, o pai do jovem tentou dar aquela famosa “carteirada”, mas nada adiantou.