Dilma fica muda ao lado de Palocci e faz aumentar as suspeitas de demissão do ministro da Casa Civil

PMDB ausente – Em pouco mais de uma hora de cerimônia de criação da Comissão e do Comitê Nacional de Organização da Conferência da ONU sobre o Desenvolvimento Sustentável, a presidente Dilma Rousseff não trocou nenhuma palavra com o ministro-chefe da Casa Civil, Antônio Palocci. Os dois se sentaram lado a lado durante o evento que reuniu especialmente integrantes de movimentos sociais no Palácio do Planalto.

Dilma também não teria conversado reservadamente com o ministro na agenda interna desta terça-feira (07), o que faz aumentar as especulações em torno da substituição de Palocci por conta do escândalo do seu enriquecimento pessoal. A presidente seguiu para almoço no Palácio da Alvorada com políticos do PTB. À tarde, segundo informou a secretária de Comunicação, Helena Chagas, é provável que Dilma e Palocci acabem despachando no gabinete da presidente.

Na cerimônia não foram vistos parlamentares da bancada do PMDB no Senado e na Câmara dos Deputados. O partido teria interesse no esvaziamento crescente de Antônio Palocci. O Partido dos Trabalhadores estaria trabalhando na direção contrária para evitar um possível fortalecimento peemedebista na troca de comando da Casa Civil e, em consequência, de um ou dois ministérios.

O PT quer manter a hegemonia na Casa Civil, mas também não admite que seja substituído o ministro de Relações Institucionais, o deputado licenciado Luís Sérgio, da cota pessoal de José Dirceu. No caso da Casa Civil, a indicação passaria necessariamente pelo ex-presidente Lula da Silva.

Poucos parlamentares da base do governo estiveram presentes prestigiando a cerimônia. Entre eles estava o senador Jorge Viana (AC), relator do texto do novo Código Florestal na Comissão de Constituição e Justiça do senado Federal. Viana também não conversou com Palocci, mas pode ouvir um recado da presidente Dilma Rousseff. No seu discurso, ela afirmou que “não tergiversaremos com a questão do desmatamento. Não permitiremos que aja uma volta atrás da roda da História”.

A afirmação contraria interesses do agronegócio, que seria beneficiado com a suspensão de multas aplicadas por desmatamentos até 2008. A proposta foi incluída no texto aprovado pela Câmara dos Deputados. O relator do projeto, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) nega a informação, ao garantir que as multas seriam convertidas em recuperação de áreas degradadas.

Dilma disse que o Brasil conseguiu seu próprio “arranjo” de desenvolvimento e preservação ambiental e se concilia como o grande defensor do meio ambiente. Ao contrário de seu mentor, o ex-presidente Lula da Silva, Dilma admitiu que este comportamento foi construído ao longo de muitos governos.