Antonio Palocci controlava também a verba publicitária dos grandes veículos de comunicação

Um bilhão – Ex-ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci Filho era realmente um homem muito poderoso na República. Além de controlar, por dever de ofício, a máquina administrativa, fazia a articulação política com o Parlamento e gerenciava quase toda a verba publicitária estatal. Palocci chamou para si, especialmente, o controle sobre os grandes veículos de comunicação do Brasil.

A partir de suas ordens eram disponibilizados os recursos para pagamento de jornais, revistas e emissoras de televisão. Não causou estranheza, portanto, que sua derradeira entrevista tenha sido concedida à Rede Globo de Televisão. Com a saída de Palocci Filho do poder e do governo mudou o controle sobre a verba midiática.

Por ordem da presidente Dilma Rousseff, os recursos serão pagos pelo órgão de direito, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República. Quem decidirá o destino do dinheiro será a secretária com status de ministra, a jornalista Helena Chagas. Ela coordenará um orçamento nada desprezível, de quase R$ 200 milhões, vinculado diretamente à sua pasta, superior a vários programas de interesse geral do brasileiro.

No ano passado, a verba publicitária cresceu 28% em comparação a 2009. O montante, que era de R$ 547 milhões, pulou para R$ 700 milhões. Em pleno ano eleitoral, o ex-presidente Luiz Inácio da Silva teve ao seu dispor R$ 167 milhões só para divulgar ações de sua administração. Em 2010, a Presidência dispunha de R$ 139 milhões para publicidade institucional. Somando os gastos de toda a máquina federal foram investidos na compra de mídia, em 2010, a fortuna de R$ 1.628.920.472,63.

Há cerca de duas semanas, a ministra Helena Chagas afirmou que o governo aprofundará a política de distribuição da verba publicitária com empresas de comunicação de alcance regional e local. “Esta política está sendo mantida. Não só mantida, mas aperfeiçoada – disse a ministra no seminário “A mídia no século XXI : novas fronteiras, novas barreiras, no Instituto Rio Branco, registrou o jornal “O Globo”

Segundo Helena Chagas, às vezes a regionalização da verba publicitária é chamada de forma pejorativa de “pulverização”. Mas, em seu ponto de vista, trata-se da democratização da comunicação no país. Pelas informações da ministra, até o início do primeiro governo Lula, o dinheiro da publicidade era repartido entre quatrocentas empresas. Agora, oito anos depois, a verba é destinada a aproximadamente seis mil empresas.

No ano passado, segundo o Instituto para Acompanhamento da Publicidade (IAP), a verba federal de propaganda foi assim dividida entre os meios de comunicação: 63,8% para a televisão (aberta e paga); 8,8% para os jornais; 8,7% para as rádios; 7,8% para as revistas; 5,9% para a mídia exterior; 3,7% para a internet; 0,6% para veiculações em salas de cinema; e 0,5% para outdoors. A verba de mídia exterior inclui backlight, barco de som, carro de som, frontlight, mobiliário urbano, painéis, placas, relógios, TV em aeroporto, TV de bordo, TV em metrô, TV em edifícios, TV em shoppings e TV em elevadores, entre outros.