Ideli Salvatti desmente senador Jucá, mas discurso divergente pode ser missa encomendada

Líder tranquilo – Ninguém se entende no governo. O que o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse durante a tarde foi desmentido pela ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, no começo da noite dessa terça-feira. Não é que a ministra usou o “tempo” para demonstrar pressa na aprovação da MP da Copa 2014.

Segundo Salvatti, o governo não tem qualquer disposição em negociar ajustes no texto da Medida Provisória 527/11, que trata da manutenção do sigilo sobre os custos de obras da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas do Rio em 2016. Contrariamente ao que Jucá havia acenado, de que se houvesse “tempo” haveria possibilidade de se realizar pequenos “ajustes”.

Ideli foi enfática ao refutar a promoção de ajustes. E eis que o tempo entrou no argumento novamente para negar a boa vontade palaciana do Planalto. “Não, até porque temos pouco tempo para o projeto tramitar”, diz. Nota-se a orquestração no sentido de mandar goela abaixo mais uma MP do Executivo para o Legislativo.

Com o objetivo de remendar o que Jucá havia dito e ela desmentido, a ministra saiu-se com essa: “É que o Jucá é um líder bastante tranquilo nos encaminhamentos. Mas o fato é que houve uma interpretação equivocada da medida que prevê sigilo. Ela serve para manter a competitividade. Se eu quero construir uma casa, não vou anunciar quanto estou disposta a pagar.”

A ministra Ideli Salvatti apagou um rastilho com o presidente da Casa, José Sarney. É que, por telefone, explicou e Sarney entendeu, segundo ela, qual a intenção do governo ao enxertar a MP com o sigilo dos orçamentos das mais do que atrasadas obras da Copa de 2014. “Ele se convenceu, inclusive porque um dos vice-líderes da Câmara, o deputado Osmar Serraglio, esteve conversando com ele, pessoalmente, e tive o retorno de que foi uma conversa extremamente esclarecedora”, afirmou.

Ideli está otimista e arrisca dizer que não haverá transtornos na aprovação da MP no Senado. “Eu não acredito que tenhamos problemas da parte dos senadores, até por conta de várias conversas que tivemos com vários líderes. Nossa meta é votar na terça-feira os destaques. Queremos votar para que vá ao Senado e, no Senado, teremos pouquíssimo tempo de tramitação”, disse. E o rolo compressor poderá ser acionado para romper a resistência oposicionista no âmbito do Senado.