(*) Carlo Iberê, do CineLux –
Dois bons italianos escondidinhos nas locadoras, “Vincere” e “O Primeiro que Disse” (Mine Vaganti). “Vencer” retoma a história do fascista Benito Mussolini pelo ângulo de uma mulher, Ida, interpretada pela bonita atriz Giovanna Mezzogiorno.
O filme é de 2009, dirigido por Marco Bellochio, andou bem por Cannes, concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro e percorreu as telonas brasileiras em meados do ano passado.
A história é real. Ida conhece Benito, ainda jovem militante socialista de esquerda, envolve-se perdidamente ao ponto de vender tudo para o amante montar o jornal que sustentaria sua transformação em líder político de extrema direita e imediato seguidor do nazista Adolf Hitler.
Problemas: eles têm um filho, Benito Albino é reconhecido por Mussolini, mas logo em seguida, coincidindo com a escalada do pai rumo ao topo da vida italiana, é isolado, junto com a mãe, em Trento, enquanto Mussolini assume publicamente outra família.
Ida passa a perseguir, obcecadamente, o reconhecimento de a verdadeira primeira dama. Numa dessas investidas, ao tentar aproximar-se de um antigo conhecido, já então elevado ao cargo de Ministro, invade a visita da autoridade a um centro de estudos, onde um dos acadêmicos citados é o Cesare Batistti original.
Nascido em Trento em 1875, além de geógrafo, jornalista e político, o verdadeiro também começou na esquerda, atuando no movimento conhecido como “irredentismo”. Morreu enforcado em 1916, durante a I Guerra Mundial como destacado militar italiano.
“Vincere” não é um épico, nem uma obra de arte, mas vale a pena para recordar, com bons momentos cinematográficos, o quando devemos cuidar e preservar os regimes democráticos.
Leva-nos também a imaginar que se os fascistas eram capazes de aniquilar pessoas da própria família o quanto sofreu o resto do povo italiano.
O Batistti atual, que Lula e Tarso Genro, então Ministro da Justiça, tiraram da cadeia, nasceu em 1954, em Sermoneta e foi militante do PAC – Proletari Armati per il Comunismo