Governador de SC indica para o conselho do BRDE um dos envolvido em denúncias da CPI do Banestado

Bornhausen – Personagem da política partidária até a década de 1980, como também do noticiário econômico, Paulo Konder Bornhausen voltou à mídia por conta de um desejo do governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo (DEM). Desde a última quinzena o irmão do ex-senador Jorge Bornhausen é um dos dois conselheiros da cota de Santa Catarina no Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), que completou em maio 50 anos de fundação.

Exímio gourmet e conhecido popularmente como PKB, Paulo é figura carimbada da velha UDN. Chegou a ser deputado estadual e nesta condição presidiu a Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Mas foi como banqueiro que tornou-se conhecido em rumoroso caso, depois abafado, sobre lavagem de dinheiro denunciado pelo Ministério Público Federal em 2003. PKB seria um dos envolvidos em fraudes do Banco Araucária.

Esta instituição da família Bornhausen teria sido beneficiada na lavagem de US$ 30 bilhões – operação posteriormente também investigada por parlamentares, na CPI do Banestado. A lavagem de dinheiro teria sido feita através de agências bancárias de Foz de Iguaçu (PR). As fraudes do Banco Araucária envolveria laranjas em contas CC-5 em cerca de US$ 5 bilhões.

Na época, o ex-senador Jorge Bornhausen anunciou que entraria com denúncias contra os procuradores da República Luiz Francisco Fernandes de Souza, Raquel Branquinho e Valquíria Quixadá, autores das denúncias. Bornhausen também ameaçou a imprensa. O procurador Luis Francisco declarou que ele e as duas procuradoras não dariam conta do caso sozinhos se não houvesse uma CPI. “Há agora manobras do governo para que a CPI saia capenga, daí seja suspensa e vire pizza”. Como se sabe, a CPI do Banestado acabou em pizza.

O Banco Araucária pertencia à família Dalcanale. A cunhada de Jorge Bornhausen, Ivete Terezinha Dalcanale Bornhausen, casada com seu irmão mais velho, Paulo Konder Bornhausen, é irmã e tia dos “controladores” do Araucária, segundo o jornal “Hora do Povo”. O então senador, segundo informou a revista “Istoé Dinheiro”, de julho de 2003, é apontado no documento como receptor de uma remessa de US$ 16 mil, feita pela empresa Sunfox Finance Corporation, sediada nas Ilhas Virgens Britânicas.

Além de ter provocado uma crise política, as revelações feitas pelo delegado José Francisco Castilho Neto e pelo perito Renato Barbosa abriram uma crise interna na Polícia Federal. O site “Consultor Jurídico” cita a ação penal de Jorge Bornhausen e lembra em setembro de 2003, que o então presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, Francisco Carlos Garisto, também criticou o governo petista a exemplo de Luiz Francisco. Garisto diz que a atitude da PF no caso é suspeita e que o órgão está sendo politicamente usado.

Já o BRDE é uma instituição de fomento do desenvolvimento dos três estados do Sul do Brasil . Segundo o sítio eletrônico da instituição, “os números retratam os resultados da atividade operacional do BRDE e os impactos no desenvolvimento econômico e social na região onde atua”. Em 2010, foram aprovadas operações da ordem de R$ 2,2 bilhões, contra operações contratadas de R$ 1,8 bilhão.