PMDB ajuda a colocar combustível no “fogo amigo” dentro do Partido dos Trabalhadores

Devem explicações – O ex-deputado cassado Roberto Jefferson (PTB-RJ) deve saber do que está falando. Nesta segunda-feira ele afirmou que os ânimos estão como barril de pólvora, só esperando uma pequena fagulha para pegar fogo. E pergunta “quem vai acender o fósforo?”

Jefferson se refere à primeira das três semanas que antecedem o recesso do Congresso Nacional, que reserva temas polêmicos como a Medida Provisória 527, “que flexibiliza a Lei de Licitações”. O ex-parlamentar recomenda aos incautos atenção máxima ao Diário Oficial da União e à decisão da presidente Dilma Rousseff de prorrogar (ou não) o decreto que cancela emendas parlamentares ao Orçamento de 2009, que vence dia 30. “Os ânimos estão como barril de pólvora, só esperando uma pequena fagulha para pegar fogo.

Jefferson não foi claro, mas um dos motivos é a briga intestina dentro do próprio Partido dos Trabalhadores. Para botar mais lenha na fogueira, peemedebistas tem dado declarações polêmicas, como a do presidente do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP). Nesta manhã, Sarney afirmou que os ministros Aloizio Mercadante, da Ciência e Tecnologia, e Ideli Salvatti, das Relações Institucionais, deveriam prestar esclarecimentos ao Congresso sobre as acusações de envolvimento no “escândalo dos aloprados”.

O posicionamento é contrário à do escândalo de Antônio Palocci (PT), que foi orientado a pedir demissão do Ministério da Casa Civil. Sarney na época manobrou com outros senadores do seu partido para que o ex-ministro não fosse convocado pelo Congresso.

“Acho que a melhor fórmula é cada um se explicar naquilo que for acusado. Não acho que deva haver restrição de nenhuma maneira para que a pessoa possa explicar. Se agiu corretamente, não há por que deixar de fornecer as explicações que o Congresso pede”, disse Sarney.

Reportagens publicadas nas duas últimas edições da revista “Veja” apontam a participação de Mercadante e Ideli no “escândalo dos aloprados” – como ficou conhecido o episódio envolvendo a compra por petistas, em 2006, de um dossiê contra o candidato do PSDB ao governo de São Paulo nas eleições daquele ano, José Serra.

No seu blog Roberto Jefferson lembra que há quase um mês o Palácio do Planalto não edita uma nova medida provisória. Observou que desde que assumiu o lugar de Lula, Dilma já editou 14 medidas, e até o dia em que assinou a última, a 535 (3 de junho), vinha mantendo uma média de quase três MPs por mês, o que, entretanto, ainda estava longe do ritmo de Lula, de 4,4 medidas/mês. Dilma faz bem em não abusar deste importante dispositivo da governabilidade, mas que vem sendo utilizado de forma abusiva e flagrantemente inconstitucional.

Como gostamos de publicar o que pensa seu rival, o ex-deputado cassado José Dirceu também admite que há um clima de confronto no Congresso, mas por conta da reforma política. “As duas PECs (propostas de emendas constitucionais) seguem para o plenário da casa e, por serem conflitantes, espera-se um acalorado debate sobre reeleição e a ampliação dos mandatos”.

“Eu, pessoalmente, sou contra o fim da reeleição. Ela foi um casuísmo, é verdade. Nós sabemos como ela apareceu e para quê serviu. Mas se tem algo importante no Brasil do ponto de vista de continuidade administrativa, política, de capacidade de planejamento, é a reeleição. Também sou contrário a acabar com o voto obrigatório no Brasil neste momento histórico”.

Enfim, o chefe sem pasta do PT é a favor de tudo. Menos de mudanças.