Dilma comemora o crescimento da classe média, mas esquece da inviabilidade da Previdência Social

Corda bamba – Muito discretamente, a presidente Dilma Vana Rousseff comemorou, na segunda-feira (27), os novos números oficiais sobre o crescimento da classe média. De acordo com pesquisa, o segmento social recebeu 39 milhões de novos integrantes desde 2003.

Na verdade, trata-se de mais um espetáculo pirotécnico que leva os palacianos ao devaneio, pois esse boom da classe média aconteceu não através do crescimento da renda do trabalhador, mas, sim, pelo endividamento recorde das famílias brasileiras, situação que ganhou impressionante reforço após o advento da crise financeira internacional.

No final de 2008, quando a crise financeira começava a avista o continente brasileiro, o então presidente Luiz Inácio da Silva ocupou os meios de comunicação para pedir aos brasileiros a manutenção dos níveis de consumo como forma de evitar os efeitos do que ele decidiu chamar de “marolinha”. E os incautos que se comoveram com o apelo presidencial partiram para o consumismo de maneira tresloucada, o que impulsionou para cima a inadimplência.

Se por um lado a neopetista Dilma comemora sem motivos, por outro há a preocupação de um calote geral. Se isso acontecer. A economia verde-loura não é forte o suficiente para suportar tamanho solavanco. E para que isso ocorra basta um reles tropeço econômico para que o esforço de muitos, durante anos, despenque ladeira abaixo.

Mas esse não é o único detalhe que causa preocupação àqueles que enxergam a economia de maneira mais ampla e futurista. Entre os fatores que permitiram a ascensão à classe média, o planejamento familiar merece destaque. Como forma de compensar o dinheiro destinado ao consumo exacerbado, as famílias brasileiras passaram a ter menor número de filhos. Tal situação pode parecer sensata, em especial quando se trata de obrigações, mas há um reflexo nefasto nessa decisão. Em poucos anos a Previdência Social estará ainda mais quebrada, pois com menos pessoas entrando no mercado de trabalho, o que gera redução da contribuição social, a base de dependentes da Previdência só tende a crescer. (Foto: Editora Abril)