Seguindo a cartilha – A estratégia adota pelo Palácio do Planalto para proteger o ministro Aloizio Mercadante, de Ciência e Tecnologia, parece ter dado certo. Convidado a participar de audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, Mercadante, que fez um relato das ações da pasta, agora tenta explicar o seu suposto envolvimento no escândalo dos aloprados. O imbróglio, que eclodiu nas eleições de 2006, só voltou à cena por conta de recentes declarações de Expedito Veloso, que afirmou ter sido Aloizio Mercadante o mandante da operação que culminou com a produção do malfadado “Dossiê Cuiabá”, conjunto de documentos falsos para minar a campanha de José Serra.
Como era de se esperar, a base de sustentação do governo se postou genuflexa diante dos interesses palacianos e tentou proteger o ministro petista, que usa sua fala como arma para anular os requerimentos apresentados na Câmara dos Deputados e que pode culminar com a sua convocação e a da ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais), Expedito Veloso e Serys Slhessarenko.
Repetindo o que sempre fizeram os assessores de Lula da Silva que se envolveram em escândalos, Aloizio Mercadante nega qualquer envolvimento no episódio e empurra para o finado Orestes Quércia a dúvida que pode lhe salvar a pele. Falecido em 24 de dezembro de 2010, Quércia foi acusado de ser o financiador do tal dossiê. Outro integrante do escândalo que está sendo utilizado como válvula de escape é Hamilton Lacerda, acusado de participar do esquema fraudulento e que em 2006 integrava o staff da campanha de Mercadante.
A ideia de blindar Aloizio Mercadante – e na sequência a ministra Ideli Salvatti – partiu da presidente Dilma Rousseff, que deseja interromper a crise política que domina um governo que chacoalhou com o episódio envolvendo o milionário consultor financeiro Antonio Palocci Filho.
Acontece que a situação que emoldura o escândalo dos aloprados deve ser bem diferente na Câmara dos Deputados, onde os parlamentares da base aliada estão muito mais descontentes do que os do Senado Federal. O medo de Dilma é que em caso de intifada na Câmara o cenário pode ficar irremediável.