Segundo plano – No capítulo derradeiro da longeva crise política deflagrada a partir do escândalo envolvendo o então ministro Antonio Palocci Filho, a presidente Dilma Rousseff informou, por meio de assessores, que chamaria para si a responsabilidade de comandar a articulação política do seu governo. Dias depois, com a saída de Palocci e a chegada de Ideli Salvatti para comandar a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, a neopetista Dilma deu sinais de que poderia transferir a tarefa à companheira de legenda.
Ex-senadora e até então respondendo pelo Ministério da Pesca e da Aquicultura, Ideli, que durante oito anos serviu com obediência ao ex-metalúrgico Luiz Inácio da Silva, sempre soube que seu papel nas relações com o Congresso Nacional sofreria interferências de Dilma Rousseff, até porque a personalidade controladora da presidente não permite que seus assessores ajam com tanta liberdade, como acontecia na era Lula.
Na alça de mira dos partidos de oposição por conta de seu suposto envolvimento no “escândalo dos aloprados” – pelo menos é essa a afirmação de Expedito Veloso –, Ideli Salvatti submergiu temporariamente para não ser abatida em plena decolagem, especialmente porque o momento político não é dos melhores e o Palácio do Planalto precisa da aprovação de alguns projetos que aguardam votação no Parlamento.
Para reforçar a tese de que Ideli será uma espécie de “garçonete” dos anseios palacianos, anotando os pedidos de um lado e de outro, a presidente Dilma Rousseff recebe nesta quarta-feira (29), para almoço no Palácio da Alvorada, um grupo de senadores da base aliada, o que deve render um sem fim de pedidos, pois a genuflexão desses parlamentares, que tem sido no mínimo vexatória, é compensada por um apetite atroz. E como na política impera a teoria do “é dando que se recebe”, Dilma que se prepare, pois a sobremesa pode ser altamente indigesta. (Imagem: detalhe de obra de Romero Brito)
