(*) Carlo Iberê, do CineLux –
Sai Lula, entra Dilma. Desta vez nas salas de cinema. Pelo menos é o que vão tentar o produtor Antonio de Assis e o articulista Helder Caldeira, autor do livro “A Primeira Presidenta”, escrito em seis dias, afirma o autor.
Já vemos aí dois recordes, a ligeireza tanto na escritura do livro como na oportunidade de, em tão pouco tempo, a Presidenta já ter um filme para chamar de seu. O de Lula levou mais ou menos cinco anos de gestação.
Espera-se que um novo recorde não seja batido: o do uso de dinheiro público. O de Lula, produzido por Luiz Carlos Barreto e Paula Barreto, pai e irmã do diretor Fábio Barreto que, infelizmente, não chegou a ver sua obra nas telonas em função de um acidente que o deixou em coma, custou R$ 16 milhões.
Foi a segunda produção mais cara da história desse país. Lançado justamente em ano eleitoral e em plena execução do PAC, o filme foi patrocinado por 17 empresas, das quais 12 ou tinham contratos com o governo federal ou estavam com financiamentos do BNDES.
Dizem os dois, Assis e Caldeira, que a produção vai passar, “na medida do possível”, longe dos patrocínios das estatais. Estariam de parabéns não fosse a ressalva.
Sem discussão de mérito, não há dúvida que Dilma Rousseff tem uma carreira meteórica na política nacional. Como diz a produção, ela é uma mulher que em menos de 40 anos passou de torturada a comandante-em-chefe.
Os planos são grandiosos. “A Primeira Presidenta” quer a competente Marieta Severo como protagonista. A atriz diz que ela vai analisar roteiro e agenda antes de responder. Em função de ser um projeto assim tão bom, não seria o caso de a Presidenta vetar – não proibir, pois afinal vivemos numa democracia – que estatais brasileiras patrocinassem o filme?
Estaria assinando o primeiro passo para o sucesso da película. Afinal, é um filme de oportunidade ou de oportunismo?