Acusado de cobrar propinas, diretor do Dnit ignora ordem da presidente Dilma Rousseff e sai de férias

Passando por cima – O esquema de corrupção que domina o Ministério dos Transportes é tamanho, que a presidente Dilma Rousseff, maior autoridade do País, está sendo desrespeitada em suas decisões. Após a revista Veja publicar na sua mais recente edição que um grupo ligado ao ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PR-AM), cobrava propina de 4% em todos os contratos da pasta, a neopetista Dilma determinou o imediato afastamento de quatro assessores. De acordo com a ordem presidencial, subiram ao patíbulo da demissão oo diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot; o presidente da Valec, José Francisco das Neves, o Juquinha; o chefe de gabinete do Ministério dos Transportes, Mauro Barbosa; e o assessor Luiz Tito.

Arrogante, presunçoso e articulado em termos políticos, Luiz Antônio Pagot simplesmente ignorou a determinação de Dilma Rousseff e saiu de férias na segunda-feira (4), sendo que o seu retorno ao órgão está previsto para o próximo dia 5 de agosto. Antes de partir para o ócio remunerado, o abusado Pagot telefonou para o chefe da Controladoria Geral da União, Jorge Hage, a quem se declarou a favor das investigações.

Desafeto do senador Mário Couto (PSDB-PA), que propôs a criação da CPI do Dnit, Pagot goza de prestígio na Casa legislativa, além de ser um dos protegidos do senador Blairo Maggi (PR-MT), e por conta disso viu minguar a tentativa de criação de uma Comissão para investigar as estripulias do órgão. A CPI proposta pelo tucano Mário Couto caiu no vazio depois de uma manobra da oposição para garantir a criação de outra Comissão Parlamentar de Inquérito, que também não decolou.

O sistema de propinas no Ministério dos Transportes não é novidade para os brasileiros, que já viram confusão idêntica no Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, o DNER, que foi substituído pelo Dnit. Como se mágica fosse, as autoridades imaginaram que uma simples mudança de sigla seria suficiente para decretar o fim da corrupção no órgão. Os atos de corrupção no setor de transportes ganharam força nos dois mandatos do então presidente Luiz Inácio da Silva, que assistiu a tudo com a mudez que sempre emoldurou os escândalos de corrupção do seu governo.

É importante destacar que a denúncia feita pela revista Veja mostra que a cobrança de propina no Ministério dos Transportes foi a forma encontrada pelo Palácio do Planalto para pagar o apoio do Partido da República ao governo federal, pois na política nada existe se não existir uma contrapartida. Como se sabe, o Ministério dos Transportes deveria ser entregue a um especialista, mas a necessidade de apoio no Congresso Nacional leva chefe da nação a fechar os olhos para muitas transgressões, algo que Dilma Rousseff prometeu combater com firmeza, mas que até agora continua dando o tom do cotidiano verde-louro.

A cumplicidade do Palácio do Planalto com o denunciado sistema de cobrança de propinas fica latente na nota distribuída pela Casa Civil para justificar as férias de Pagot. “Por decisão da Casa Civil da Presidência da República, corroborada pelo Ministério dos Transportes, o diretor geral do DNIT, Luiz Antonio Pagot, cumprindo a programação de férias prevista no Siape – Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos, passa a gozar o período de férias do dia 04 a 20 de julho”, explica a nota palaciana.