Situação do ministro dos Transportes piora, diretor do Dnit faz ameaças e o Planalto já tem nome de sucessor

Corda bamba – Dilma Vana Rousseff de fato não tem habilidade para lidar com crises políticas. A mais recente faz trepidar as estruturas do Ministério dos Transportes, cuja cúpula foi acusada pela revista Veja de cobrar propina de 4% em todos os contratos da pasta. Na segunda-feira (4), após ordenar a demissão de assessores ministeriais, Dilma anunciou por meio de sua assessoria que o ministro Alfredo Nascimento continuaria no cargo. Isso porque ao Palácio do Planalto interessa a aprovação de algumas matérias que tramitam no Congresso Nacional.

O conluio partidário que supostamente garante a apoio ao governo federal no parlamento vem corroendo a autoridade de Dilma Rousseff, que agora acompanha à distância as ameaças de Luiz Antônio Pagot, diretor-geral do Dnit, que já deveria estar demitido, mas espertamente saiu de férias antes da consumação da degola.

Visivelmente irritado e alegando que sua família está destroçada e chorando, Pagot desembarcou nesta terça-feira (5) no Senado Federal para reunir-se com a bancada do Partido da República, legenda que foi aquinhoada com o Ministério dos Transportes. No gabinete do senador Magno Malta (PR-ES), que serviu como local da reunião, Pagot foi convencido a não acionar a sua metralhadora giratória, que atingiria muitos caciques do partido, sob a alegação de que o momento não é dos melhores.

Luiz Antônio Pagot ouviu dos republicanos que a hora não é de atacar e muito menos de se defender, algo que o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, já vem fazendo. De acordo com informações levantadas pela reportagem do ucho.info, o esquema de cobrança de propina passaria obrigatoriamente pelas mãos de Mauro Barbosa (chefe de gabinete do Ministério dos Transportes), indicado para o cargo pelo deputado federal Valdemar Costa Neto, o Boy, presidente nacional do PR.

Com a indicação ratificada por Costa Neto, o ministro Alfredo Nascimento, que comandara a pasta no governo de Lula da Silva, voltou ao ministério desgastado politicamente e com um amontoado de dívidas da campanha de 2010, quando disputou sem sucesso o governo do Amazonas. Se no atacado o Partido da República vinha se dando bem, no varejo, mais precisamente na Câmara dos Deputados, a situação não é idêntica. Da bancada de quarenta deputados do PR, pelo menos metade pode patrocinar uma intifada a qualquer momento. Tudo porque Valdemar Costa Neto comanda o partido com mão de ferro, sendo que os diretórios estaduais até agora são geridos por corpo diretivo provisório.

Diante do eventual crescimento da crise e da necessidade de demitir Alfredo Nascimento, o Palácio do Planalto já tem um nome para substituir o atual ministro, Trata-se do senador Eduardo Braga (PMDB-AM), adversário político de Nascimento. No guarda-chuva do Ministério dos Transportes há duas joias da coroa. O Dnit, que não mais voltará para as mãos de Luiz Antônio Pagot, e a Valec, que até o último final de semana estava sob a batuta de José Francisco das Neves, o “Juquinha”.

Nesse enxadrismo político é importante salientar que a Valec, assim como o Dnit, interessa sobremaneira ao PMDB. Presidente do Senado Federal, José Sarney, que já indicou integrantes da diretoria da Valec, pode fazer o próximo presidente do órgão. Correndo por fora está o Partido dos Trabalhadores, que já pinçou o nome do ex-deputado federal Virgílio Guimarães para assumir o lugar de Juquinha.

Fato é que Dilma Rousseff enfrenta mais uma capítulo da herança maldita deixada por Lula, pois, além de ter ajudado a fortificar politicamente Valdemar Costa Neto, o ex-presidente acionou sua então tropa de choque para abafar no Senado Federal uma proposta de CPI do Dnit, apresentada pelo senador tucano Mário Couto (PA), que o PSDB agora quer ressuscitar. Enquanto o escândalo do Ministério dos Transportes, que não é novo, cresce como massa de pão, os petistas palacianos continuam alimentando a fogueira, como se tal estratégia pudesse gerar benefícios ao governo da presidente Dilma, que até então não mostrou a que veio.