Deputado gaúcho arrasta pilhas de documentos para mostrar que votará contra a cassação de colega

(*) Carlos Augusto, especial para o ucho.info

No início da noite de terça-feira (5), o deputado Vilson Conatti (PP-RS), relator na Comissão de Constituição e Justiça do processo contra a deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF), desfilou pelo Salão Verde da Câmara puxando um carrinho com documentos, que, segundo ele, justificarão constitucionalmente o seu voto.

“Não há uma palavra, uma vírgula, uma letra no meu relatório que não esteja amparada pelo Constituição”. Jaqueline foi filmada pelo delator-cineasta Durval Barbosa recebendo dele mesmo R$ 50 mil quando era deputada distrital no Distrito Federal.

Todo esse benfazejo controle sobre o relatório (são centenas de páginas) fez o deputado gaúcho optar por uma longa viagem, pois o parlamentar levará o calhamaço a Porto Alegre, apesar da infraestrutura oferecida pela Câmara dos Deputados. Vilson Conatti foi um dos três deputados (outros 11 se manifestaram pela cassação de Jaqueline) que não concordaram com o relatório de Carlos Sampaio (PSDB-SP) no Conselho de Ética, que apontou o olho da rua para a filha do ex-governador do Distrito Federal, o sempre polêmico Joaquim Roriz.

Durante entrevista, o relator sinalizou claramente que seu voto é para desqualificar a decisão do plenário do Conselho de Ética. Se a CCJ entender que as razões apresentadas pelo relator da Comissão de Ética são inconstitucionais, o processo será arquivado imediatamente, sem chegar ao plenário.

Coincidência ou não, em momento algum, desde que o processo contra Jaqueline foi aberto, o presidente da Câmara, o petista Marco Maia (RS), mostrou-se um obstinado pela cassação de Jaqueline Roriz. De igual modo, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça, João Paulo Cunha (PT-SP), ex-presidente da Casa e flagrado na famosa farra do “Mensalão do PT”, na era Lula, não apareceu para presidir a seção.

Em seu lugar foi indicado Arthur de Oliveira Maia (PMDB-BA), que não pensou duas vezes: indicou Vilson Conatti, que não deve mudar de opinião da noite para o dia: fincará a bandeira da inconstitucionalidade sobre a decisão do Conselho de Ética.