PPS aprova requerimento para que envolvidos na fusão Pão de Açúcar-Carrefour se expliquem na Câmara

Chumbo grosso – Diferentemente do que esperava a presidente Dilma Rousseff, o caso da eventual megafusão Pão de Açúcar-Carrefour continuará rendendo dores de cabeça aos palacianos. Um dia após o ministro Guido Mantega alegar que o governo não mais comentaria o assunto e que dinheiro público não entraria no negócio, caso o BNDES venha a participar da transação, o PPS conseguiu aprovar na Câmara dos Deputados um requerimento para que Luciano Coutinho [presidente do BNDES] explique aos parlamentares o interesse do banco nesse imbróglio capitaneado pelo empresário Abílio Diniz.

Em nota, o PPS informa que “a Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara aprovou hoje (6) a realização de audiência pública para debater o eventual empréstimo que será concedido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) para viabilizar a fusão do Grupo Pão de Açúcar com o Carrefour”. De autoria do deputado Moreira Mendes (PPS-RO), o requerimento aprovado nesta quarta-feira convida para debater o tema, em data ainda não definida, o presidente do BNDES, o empresário Abílio Diniz, representantes do Carrefour e de órgãos de proteção ao consumidor. “O BNDES está prestes a intrometer-se em mais um negócio bilionário, injustificável e perigosíssimo, tanto do ponto de vista da defesa do consumidor, quanto do ponto de vista da aplicação dos recursos públicos”, justificou o parlamentar. Outros três requerimentos da oposição, para discutir a nebulosa fusão, também foram aprovados pelas comissões de Finanças e Tributação, de Desenvolvimento Econômico e de Defesa do Consumidor.

Com previsão de investir até R$ 4,5 bilhões na operação Pão de Açúcar-Carrefour, o BNDES justificou sua participação com uma tese que contraria a tônica do comércio internacional. Em nota, o banco alegou que o negócio em questão abrirá caminho para produtos brasileiros no mercado internacional. Uma afirmação ilógica e irresponsável, pois os produtos brasileiros teriam como porta de entrada a França, que se vale de barreiras protecionistas para garantir a produção local. Fora isso, a supervalorização do real frente à moeda norte-americano aniquila a competitividade dos produtos verde-louros no mercado mundial.

Aos parlamentares terão de dar explicações, além do presidente do BNDES, Luciano Coutinho, o presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica do Ministério da Justiça (Cade), Fernando Furlan; o secretário de Direito Econômico do Ministério da Justiça, Vinicius Marques de Carvalho; o secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Antonio Henrique Pinheiro Silveira; o representante do Grupo Carrefour, Luiz Fazzio; e o sócio do Banco BTG Pactual, Cláudio Galeazzi.