Sob a corrupção no Ministério dos Transportes, construção do trem-bala volta à cena nos próximos dias

Na contramão – Por determinação da presidente Dilma Rousseff, todas as licitações no âmbito do Ministério dos Transportes estão suspensas por trinta dias, até que as investigações apurem as denúncias de cobrança de propina em todos os contratos da pasta, o que já está sendo chamado de “Mensalão do PR”. A interrupção do processo licitatório tem como objetivo não apenas identificar o nascedouro da corrupção, mas sufocar a atuação do deputado federal Valdemar Costa Neto (SP), o “Boy”, presidente nacional do Partido da República. Acusado de envolvimento no escândalo que ficou nacionalmente conhecido como “Mensalão do PT”, Costa Neto estaria por trás da cobrança de propinas.

Mesmo com a ordem presidencial, está marcada para a próxima semana a retomada do processo do trem-bala, que ligará as cidades de São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro. Com previsão orçamentária de R$ 33 bilhões, o trem de grande velocidade foi prometido pelo então presidente Luiz Inácio da Silva para a Copa do Mundo de 2014, mas corre o risco de não ficar pronto para os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro.

Muito antes de se dedicar à construção do trem-bala, cujas propostas serão apresentadas dentro de alguns dias pelas empresas interessadas no negócio, o governo federal deveria se empenhar para recuperar a malha rodoviária nacional, cujo estado caótico influencia no preço final dos produtos, em especial os agrícolas. Para se ter ideia da falta de interesse dos palacianos pelas estradas brasileiras, o Brasil gasta anualmente R$ 15 bilhões na infraestrutura terrestre, enquanto a média de investimento nos países equivalentes – leia-se BRICs – é de R$ 500 bilhões.

Para piorar o cenário, a recente recuperação das estradas brasileiras, que não passou de uma maquiagem encomendada por Lula da Silva, tem prazo de validade de cinco anos. Em outras palavras, uma nova reforma será necessária em breve. A desatenção do governo federal com a infraestrutura faz com que o Brasil gaste anualmente o equivalente a 12% do PIB com logística, enquanto a média mundial é de 8%.

Fora isso, o trem-bala, que será construído para concorrer com a ponte aérea Rio-São Paulo, não resolverá o problema de mobilidade urbana das duas maiores cidades brasileiras, que no vácuo dos incentivos fiscais foram invadidas por enxurradas de automóveis novos, o que agravou sobremaneira o caos que impera no trânsito das cidades.

Durante o período de incentivo ao consumo, decratado por Lula como forma de evitar as reticências da crise financeira internacional, o governo federal não destinou um centavo sequer para melhorar a mobilidade urbana nas principais cidades brasileiras. Como disse certa feita um filósofo messiânico e fanfarrão, “nunca antes na história deste país”…