Governador do Ceará ganha pontos ao comprovar denúncias contra o ex-ministro Alfredo Nascimento

(*) Genésio Araújo Jr, da Política Real –

A queda do senador Alfredo Nascimento (PR-AM), até ontem ministro dos Transportes, é um fato proeminente para o governo Dilma, pois em menos de 186 dias de existência foram demitidos dois ministros (o primeiro foi Antônio Palocci, da Casa Civil) e outro foi remanejado (Luiz Sérgio, para a Secretaria da Pesca e Aquicultura).

A saída de Nascimento é um marco para o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB). Ele foi a primeira autoridade de quilate político que foi a público, veemente, afirmar que existia muita podridão na administração do republicano. Chamou o ministro de ladrão por outras sílabas, de-so-nes-to.

Parecia mais uma ação histriônica e voluntariosa do pior lado dos Ferreira Gomes. O governador fazia uma manobra retórica em direção ao Planalto. Pretendia, também, engessar movimentos políticos do seu maior adversário no Estado, o também republicano Lúcio Alcântara.

O PR logo veio a público, com seus líderes e congressistas, inclusive cearenses – defender Nascimento, que decidiu processar Cid. Claro, os deputados estaduais cearenses negaram a licença ao processo. Cid disse aos seus deputados que não chamara Nascimento de ladrão mas que não cumpria a palavra.

Nenhuma liderança do PSB, nem na Câmara e nem no Senado, veio em defesa de Cid. Como na maioria dos estados do Nordeste, a situação parecia controlada e os governadores não falavam em caos, ficou a impressão de mais um arroubo dos sobralenses. O tempo se encarregou de mostrar que não.

Cid Gomes que é visto pela classe política como muito mais hábil politicamente que seu irmão mais velho, Ciro Gomes – ganha com o episódio e se credencia para novos movimentos solos e deve ser melhor ouvido pelo Planalto em outros episódios em que probidade e correção voltem a ser aventados.