Presidente do Banco Central aposta no recuo da inflação, mas realidade é bem diferente e macabra

Lado B – Na semana que caminha para o seu final, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse em duas ocasiões, no Senado Federal e em evento na capital paulista, que a inflação apresenta sinais de recuo e começa a convergir para o centro da meta (4,5% ao ano), patamar que será alcançado em 2012.

É fato que Tombini não pode revelar a verdade dos fatos, mas os sucessivos aumentos da taxa básica de juro, a Selic, contradizem qualquer declaração sobre o tema. Mesmo com os índices oficiais apresentando levíssimos recuos nos últimos dois meses, o acumulado do ano supera as expectativas do Palácio do Planalto, que prefere não tecer comentários sobre a herança maldita deixada por Luiz Inácio da Silva, que durante oito anos abusou do exercício da profecia.

Nos próximos meses, os preços de muitos produtos e serviços sofrerão aumento, pois o reajuste está atrelado aos índices oficiais que monitoram a inflação. Fora isso, o segundo semestre será marcado pela negociação salarial de diversas categorias de trabalhadores, muitas delas representadas por sindicatos influentes e articulados.

Como se fosse pouco, o ano de 2012 estreará com o aumento do salário mínimo, que por conta de decisão dos palacianos deve chegar à casa dos dois dígitos. Por ocasião da majoração do salário mínimo neste ano, a presidente Dilma Rousseff travou intensa queda de braço com os parlamentares e acabou indexando o reajuste salarial à variação do PIB e à inflação. Por conta disso, o reajuste do salário mínimo, que deve ser de 13%, estenderá o índice inflacionário que sempre marca o mês de dezembro.