Dilma espera manter o apoio político no Congresso com tapinhas nas costas e um punhado de acepipes

Fora da realidade – Sem qualquer grau de intimidade com o cotidiano da política, a presidente Dilma Rousseff, que desde a sua chegada ao poder tem se dedicado a debelar crises, continua sem saber como lidar com os senadores e deputados da base aliada, que cada vez mais cobram cargos em troca de apoio irrestrito, não importando o que pensa a opinião pública sobre essa genuflexão vergonhosa.

A lanhada que Dilma deu no Partido da República, ao confirmar como ministro dos Transportes o interino Paulo Sérgio Passos, contrariando os interesses da legenda, mostra que a presidente nem de longe conhece o significado de democracia de coalizão, para não dizer que o Brasil vive sob o manto de uma bandalheira endêmica. Luiz Antônio Pagot, diretor afastado do DNIT, ameaçou revelar o esquema fraudulento de superfaturamento de obras, o que implodiria o PT palaciano, mas um acordo de última hora rendeu algumas doses extras de calmaria no Palácio do Planalto.

O PR, que até a noite de terça-feira (12) estava magoado com Dilma Rousseff e não endossava a nomeação de Paulo Passos, agora anuncia que a relação o partido com o PT não sofreu qualquer desgaste por conta da demissão de Alfredo Nascimento, que até a última semana respondia pelo Ministério dos Transportes. Essa repentina mudança de opinião se deve aos acertos feitos com o PR depois das pífias explicações dadas por Pagot aos senadores.

Fora isso, a presidente não tem poder de mando, como ficou claro e cristalino nas declarações de Luiz Antônio Pagot. Afastado da direção-geral do DNIT por determinação Dilma Rousseff, o abusado Pagot disse aos senadores que continua comandando o órgão. Diante da ordem presidencial dada ao então ministro dos Transportes, que foi obrigado a demitir a cúpula do ministério, Pagot simplesmente saiu de férias. Como se fosse pouco, o senador Blairo Maggi (PR-MT) já defende abertamente a permanência de seu afilhado político na direção do órgão responsável pela execução das obras no setor de transportes.

Sem saber o que fazer em relação ao parlamento e contando com uma assessoria política da pior qualidade, Dilma Rousseff recebe na noite desta quarta-feira (13), para um coquetel no Palácio da Alvorada, os líderes dos partidos da base aliada, além dos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, José Sarney (PMDB-AP) e Marco Maia (PT-RS), respectivamente.

É verdade que um momento de descontração após um árduo dia de trabalho faz bem a qualquer um, mas não será com um aperto de mão, alguns goles de espumante e meia dúzia de canapés que Dilma Rousseff conquistará a tão necessária tranquilidade para governar. Que fique bem claro que política é negócio, normalmente administrado por pessoas nada inocentes.