FIFA não confirmou local de abertura da Copa, mas caos nos aeroportos pode eliminar cidades da competição

Antes da hora – Os tambores paulistas rufaram antecipada e desnecessariamente para anunciar que a cidade de São Paulo seria escolhida como sede da partida de abertura da Copa do Mundo de 2014. Tudo porque o Comitê Organizador Local aceitara as garantias dadas pelo governo estadual para a construção do estádio do Corinthians, na Zona Leste da maior cidade brasileira.

Horas depois do efusivo anúncio, informações que davam conta que a FIFA só tratará do assunto em outubro próximo. O ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., disse que pedirá aos dirigentes da entidade máxima do futebol planetário que o nome da cidade que abrigará a partida de estreia da competição seja divulgado em breve. Mas o ministro lembrou que, além de São Paulo, outras três cidades estão na disputa: Belo Horizonte, Brasília e Salvador.

Sob o prisma política, deixar que a cidade de São Paulo receba o jogo de abertura da Copa é um perigo para os atuais ocupantes do poder central. A pujança do mais rico e importante estado brasileiro certamente garantirá a realização de um evento que pode destoar do restante do certame. Além de servir de palanque eleitoral para os políticos paulistas, em especial os tucanos, que há anos estão na alça de mira do PT.

Independentemente da decisão sobre o jogo de abertura da Copa, a FIFA não pode desconsiderar a caótica situação dos mais importantes e movimentados aeroportos brasileiros, que já não suportam a demanda atual.

Quando a FIFA divulgou, em outubro de 2007, que o Brasil sediaria a Copa de 2014, o então presidente Luiz Inácio da Silva disse, em Zurique, que o País faria o maior e melhor evento futebolístico do planeta. Passados alguns meses, o mesmo Lula chamou indiretamente de “idiota” o francês Jërôm Valcke, secretário-executivo da FIFA, que na ocasião externou sua preocupação com os aeroportos.

Tão logo assumiu o poder em janeiro passado, a presidente Dilma Rousseff ratificou a disposição do governo de investir R$ 5 bilhões na reforma e ampliação dos aeroportos. Diante do corte de gastos adotado como forma de conter o avanço da inflação, a saída foi mudar o discurso e anunciar a privatização dos aeroportos de Guarulhos, na Grande São Paulo, Viracopos, em Campinas, e Brasília. Desde então, o processo de concessão dos mencionados terminais vem sofrendo atrasos e a entrada da iniciativa privada no negócio não acontecerá antes de abril de 2012.

Por conta dessa lufada de incertezas e adiamentos, o governo federal já admite fazer alguns remendos, os populares “puxadinhos”, para minimizar o estrago que o aumento da demanda por voos provocará nos aeroportos durante o certame do futebol mundial. Outra alternativa que vem sendo considerada é convencer a FIFA a mudar os locais onde serão realizados os jogos da Copa.