Aprendizado de Dilma – O Senado Federal ainda está se adaptando à presidente da República, Dilma Rousseff, admitiu o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP). “Tivemos que ter uma sintonia de estilo de governar”, disse o senador na avaliação dos primeiros meses da atual Legislatura na entrevista que concedeu aos jornalistas. Perguntado se preferia o estilo de Lula da Silva ao da neopetista Dilma, Sarney disse que a presidente tem um enfoque mais administrativo, mas se ela se dedicar às relações políticas, “as coisas podem avançar muito”.
O decano da política brasileira é um admirador de Lula da Silva. Confirmou mais uma vez sua paixão pelo ex-presidente ao afirmar que “Lula tem base em sua personalidade, uma liderança vertical”. Fez essa observação por conta de um questionamento sobre os palpites que o ex-metalúrgico tem feito a respeito da administração de sua cria político-eleitoral. Para Sarney, deixar de opinar seria o mesmo que deixar de aproveitar o melhor do talento.
O presidente do Senado elogiou Dilma Rousseff pela sua capacidade de “reação” às crises, que, segundo ele, surgiram todas no Executivo. “Aí nós vamos ver o estilo. Ela saneou imediatamente”. Lula, como se sabe, sempre preferiu colocar panos quentes, inclusive nas escandalosas denúncias, como a do “mensalão do PT”.
O aprendizado da presidente nas relações políticas será testado logo no mês de agosto. José Sarney avisou que não colocará mais em votação as Medidas Provisórias com prazo quase vencido. Se valer a promessa, o governo terá dificuldades para apressar a votação na Câmara dos Deputados. Em diversos casos, as MPs chegaram ao Senado com menos de um dia do término de sua eficácia. Sarney quer ter no mínimo dez dias.
A questão poderá ser resolvida no próprio Congresso, caso vingar os entendimentos para que as medidas enviadas pelo Palácio do Planalto tramitem por setenta dias na Câmara. O Senado teria outros quarenta dias para análise e votação e, assim, sobrariam dez dias para emendas nas duas Casas, caso a matéria tenha sido modificada.
José Sarney fez uma longa exposição sobre as reformas administrativas internas. Leu um pequeno relatório elaborado pela Diretoria Administrativa e garantiu que o Portal Transparência do Senado “é o mais o mais completo do serviço público”. Com tanto trabalho no primeiro semestre, Sarney respondeu que não vai tirar férias no recesso: “Em tenho a eternidade para tirar férias”.
