Pagot ignora acordo com o Palácio do Planalto e diz que Dilma Rousseff sabia dos imbróglios do DNIT

Tiro certeiro – Ao depor no Senado Federal na terça-feira (12), Luiz Antônio Pagot, que ainda não sabe se continua diretor do DNIT, poupou a cúpula do governo de Dilma Rousseff de acusações mais contundentes. A mudança radical do discurso resultou de um acordo com o Palácio do Planalto, horas depois de Pagot ter ameaçado revelar o esquema de superfaturamento de obras que culminou com a queda do então ministro dos Transportes, o amazonense Alfredo Nascimento (PR).

No embalo do depoimento que foi considerado pela oposição como pífio e manipulado, o ministro Paulo Bernardo da Silva, das Comunicações, que estava no olho do furacão, acusado de ter ordenado o superfaturamento de obras, mostrou-se satisfeito com o fato de Pagot não ter faltado com a verdade.

Na quarta-feira (13), um dia depois de participar de audiência no Senado, Luiz Antônio Pagot repetiu a cantilena na Câmara dos Deputados. Como a fala do pivô do mais recente escândalo do governo Dilma Rousseff já era conhecida, poucos parlamentares deram importância ao que poderia ser revelado pelo chefão do DNIT. Acontece que Pagot acabou apontando o dedo na direção da presidente da República, que no governo de Lula da Silva, na condição de chefe da Casa Civil, coordenava as obras do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC.

Mas Pagot não parou por aí. Puxou para o centro da confusão a atual ministra do Planejamento, Miriam Belchior, que no governo do messiânico Luiz Inácio da Silva era a secretaria-executiva do PAC e acompanhou as obras do DNIT no período em que Dilma Rousseff esteve afastada. Em outras palavras, Luiz Antônio Pagot adoçou o discurso, mas não deixou de mandar recados ao Palácio do Planalto.