Jogada de marketing – Como se fosse um passe de mágica, a presidente Dilma Rousseff tira Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, da cartola e nomeia-o embaixador honorário do Brasil para a Copa do Mundo de 2014. A “jogada de marketing” é assumida até por assessores palacianos. Nesta terça-feira (26), o Rei do Futebol compareceu oficialmente ao gabinete da presidente, no Palácio do Planalto, com a polidez de um diplomata profissional, pediu voto de confiança da nação canarinho para a capacidade do País de organizar o evento. Ele disse que não poderia deixar de aceitar o convite, mas “o que gostaria de pedir é que o povo brasileiro acreditasse (que tudo irá dar certo na até agora atrasadíssima)”.
A tentativa é de animar os brasileiros e as brasileiras que assistem às denúncias de superfaturamento e dinheiro público aplicado na construção de estádios, como é o caso do “Fielzão” do Corinthians, cujo torcedor ilustre é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Além de gastos como o do sorteio das eliminatórias da Copa do Mundo, que custará R$ 30 milhões aos contribuintes e sairá dos cofres da prefeitura do Rio de Janeiro e do governo fluminense. Agendado para o próximo sábado (30), com transmissão ao vivo em palco montado pela Rede Globo na Marina da Glória, o evento terá as imagens distribuídas para mais de 200 países, segundo os organizadores. E não é difícil imaginar quem participará da festa. Dilma Rousseff e vários políticos, todos a reboque de uma oportunidade que imperdível. As festividades tiveram o pontapé inicial nesta terça-feira (26).
O embaixador honorário exagera um pouco ao dizer que promove o nome do Brasil no mundo. A dedicação, por ele mesmo, remonta à vitória na Copa de 1958. “Como brasileiro, faço isso desde que nasci, desde a Copa da Suécia”, disse.
Pelé admite que a organização da Copa de 2014 está marcada por desencontros, inclusive com “alguns problemas”. Ou melhor, vários problemas. Desde o atraso nas construções e reforma dos estádios, até o engessado início de obras de infraestrutura, em especial as de mobilidade urbana em muitas das cidades-sede.
E como não poderia deixar de ser, o Atleta do Século comentou o empenho da presidente Dilma em fazer o melhor para conseguir obter sucesso na empreitada. “A presidente disse que está fazendo todo o esforço para que a gente entregue bem essa Copa do Mundo”, afirmou Pelé.
Questionado sobre a possibilidade de uma final entre Brasil e Uruguai, lembrando o “Maracanasso”, quando em 1950 o Uruguai venceu a primeira Copa do Mundo no Brasil, Pelé até torce para esse reencontro. “Não temo, pelo contrário. Acho que deveria ter essa revanche para a gente ganhar”.
Coube ao ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., explicar que o título concedido a Pelé é apenas honorário. E que o “embaixador” será um interlocutor especial, sem, no entanto, responsabilidades executivas. “A presidente avaliou que Pelé seria a melhor face da Copa de 2014″, disse o ministro. Não custa lembrar que Pelé, não faz muito tempo, disse que o Brasil corria o sério risco de protagonizar um enorme fiasco na Copa. Acredita, Brasil!