Pressionado pelo Planalto, presidente da Petrobras atenua o discurso sobre o preço da gasolina

Mudança de encomenda – Confirmando o que noticiou o ucho.info nesta quarta-feira (27), é estrondosa a falta de competência dos integrantes do governo federal para combinar antecipadamente um discurso qualquer. E sem esse pequeno detalhe [o discurso antecipado], afirmações antagônicas servem apenas para tumultuar ainda mais o que histórica e sabidamente é tumultuado.

Há dias, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli de Azevedo, disse que o preço da gasolina deve subir em breve, pois, mantida a atual demanda, o Brasil terá de aumentar a importação do combustível. Isso se deve ao fato de o País ter chegado ao limite da sua capacidade de processamento de gasolina, quadro que por enquanto não há como ser expandido. “Nossa capacidade de crescer a produção nacional chegou no limite. Se a demanda brasileira crescer, nós vamos importar mais, mas não vai ser muito significativo, porque a demanda não cresce em um ano ou dois”, declarou o principal executivo da Petrobras.

Gabrielli disse que “a Petrobras manterá a política de acompanhamento dos preços dos derivados de petróleo (gasolina inclusa) no mercado internacional no longo prazo”. Muito estranhamente, depois de anunciar no começo desta semana que o preço da gasolina subiria em breve, o presidente da estatal petrolífera mudou o discurso. “Não podemos antecipar se haverá alta ou não”, declarou José Sérgio Gabrielli. “Não vamos dizer se o preço vai aumentar ou não vai aumentar. Se vai ser hoje, amanhã ou daqui a dois meses. O que nós estamos dizendo é que, nos últimos oito anos, a nossa política de preços foi acompanhar os preços internacionais”, completou o presidente da Petrobras, que horas antes foi contraditado pelo ministro de Minas Energia, Edison Lobão (PMDB-MA), que garantiu que a gasolina não terá o preço majorado.

A repentina reviravolta no discurso de Gabrielli pode ser explicada por ordens palacianas disparadas nos bastidores, pois o aumento do preço da gasolina traria reflexos diretos e indiretos à inflação, fantasma da economia que o governo Dilma Rousseff vem tentando derrotar sem sucesso.

O cenário atual, de limite da capacidade de processamento de combustível no País, é resultado da falta de planejamento por parte do governo federal, que para conter os efeitos da crise financeira de 2008 incentivou de maneira irresponsável e desordenada a venda de veículos, em sua maioria bicombustível. Com a maior procura por etanol, a produção de álcool anidro, que é misturado à gasolina, acabou prejudicada. Isso obrigou o governo a rever o percentual de mistura do combustível verde à gasolina, o que gerou a escassez do derivado de petróleo.

Nada custa lembrar que Dilma Rousseff, agora na Presidência da República, foi guindada ao Ministério de Minas e Energia, a convite do messiânico Luiz Inácio da Silva, apenas por ser uma técnica no setor. Diante de tamanha confusão não é errado concluir que para crescer o Brasil precisa de combustível, que se for ofertado à medida da demanda atual terá o preço aumentado, o que provocará o crescimento da inflação, algo que pode fazer o País parar. Como disse certa vez um conhecido e fanfarrão filósofo, “nunca antes na historia deste país”.