Com rentabilidade baixa, etanol recebe empurrão de um governo preocupado com a gasolina

Inventando moda – Preocupado com um possível aumento do preço da gasolina, que patrocinaria estragos na economia brasileira e alimentaria a inflação, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA), anunciou na noite de quarta-feira (27) medidas para incentivar a produção e a estocagem de etanol. De acordo com o ministro, uma Medida Provisória que está na prancheta do Palácio do Planalto garantirá aos produtores de etanol linhas de crédito do BNDES e do Banco do Brasil com taxas de juros mais baixas que as do mercado. A MP deve ser enviada ao Congresso nacional em até dez dias.

Como o governo decidiu não reduzir, pelo menos por enquanto, o percentual de mistura de etanol à gasolina vendida aos consumidores, Lobão informou que, nos próximos três anos, a Petrobras investirá US$ 4,1 bilhões na produção de etanol. Segundo o ministro, o objetivo é que a Petrobras passe de 5% para 12% de participação na produção do combustível.

Esse cenário, repletos de remendos de última hora, não traduz a realidade dos fatos. De nada adianta empréstimos subsidiados aos produtores de etanol e investimentos da Petrobras no setor, se o lucro líquido do negócio é, em média, de 9%, enquanto qualquer título do governo brasileiro rende ao investidor 12,5%. É preciso avaliar o momento que o Brasil enfrenta no âmbito dos combustíveis, pois medidas paliativas como sempre têm prazo de validade curto e eficácia duvidosa.

Enquanto Luiz Inácio da Silva circulava pelo planeta como “xeique verde”, gazeteando as maravilhas do etanol aos bolhões, o governo federal deveria ter se debruçado sobre um projeto para atender a demanda extra que seria gerada pelo derrame no mercado de carros flex. A falta de planejamento, como sempre acontece, leva o Brasil ao atraso.