Voto de Jobim em José Serra continua rendendo, mas petistas esquecem convite feito a Meirelles

(Editora Abril)
Memória curta – A declaração do ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmando que na eleição presidencial de 2010 votou no tucano José Serra continua causando polêmica no centro do poder. Integrantes do Campo Majoritário, facção interna do PT, querem a cabeça do ministro, que no governo da neopetista Dilma Rousseff permaneceu no cargo a pedido do então presidente Luiz Inácio da Silva.

O repentino “bom-mocismo” dos petistas parece desconexo, pois há fatos parecidos que não foram tratados com a mesma intransigência. Antes de assumir o poder, em janeiro de 2003, Lula da Silva convidou Henrique Meirelles, um tucano de carteirinha, para assumir o comando do Banco Central, onde permaneceu durante oito anos. À época, Meirelles se eleger deputado federal pelo PSDB de Goiás e certamente, em 2002, votou em José Serra. Naquela ocasião, a então senadora Heloísa Helena, ainda no PT, protestou contra a indicação de Henrique Meirelles e acabou fora do partido. Como se fosse pouco, o governo do PT flanou no sucesso do Plano Real, criado por Fernando Henrique Cardoso e implantado pelo falecido Itamar Franco.

Um pouco mais distante na linha do tempo, Dilma Vana Rousseff sempre tratou com desdém os integrantes do PT. Filiada ao PDT, por obra e graça do finado Leonel de Moura Brizola, Dilma fazia as vezes de dona de casa enquanto esteve casada com Carlos Araújo, que à época era deputado estadual no Rio Grande do Sul. Nos regabofes que o marido oferecia em casa aos companheiros de Assembleia, na capital Porto Alegre, Dilma Rousseff sempre palpitava nas discussões políticas do grupo. E era comum ouvi-la usar a expressão “essa gente” para se referir aos petistas. De uns alguns anos para cá, os petistas preferiram esquecer o passado e cuidar dos próprios interesses, adulando Dilma Rousseff de maneira asquerosa.

Nove entre cada dez brasileiros sabem da dificuldade que é cobrar coerência no mundo político, mas é preciso que a sociedade reaja de maneira rápida e firme, pois do contrário o Brasil estará fadado à “cubanização”, processo que caminha a passos constantes e silenciosos.