No rastro de discussões acirradas e troca de acusações, Câmara dos EUA aprova aumento da dívida

Penúltimo round – A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos protagonizou mais um capítulo da queda de braços entre os partidos Democrata e Republicano e aprovou na segunda-feira (1) o plano para a elevação da dívida pública norte-americana, costurado no apagar das luzes do último final de semana pelo presidente Barack Hussein Obama.

Com troca de acusações de ambos os lados, o plano, que arrebatou 269 votos a favor e 161 contra, será votado a partir das 13 horas (horário de Brasília) pelo Senado, onde não deve sofrer mudanças. Na votação ocorrida na Câmara, os parlamentares de maneira geral ficaram insatisfeitos por conta do corte de gastos que foi imposto no plano.

Com a decisão, que após a votação no Senado será sancionada pelo presidente Obama, dará aos Estados Unidos mais US$ 2,4 trilhões, elevando o teto da dívida de US$ 14,3 trilhões para US$ 16,7 trilhões. Desse total previsto, U$ 400 bilhões serão liberados imediatamente, pois o Tesouro norte-americano precisa honrar compromissos do governo federal e liberar verbas para investimentos. Outros US$ 500 bilhões serão disponibilizados até o final desse ano. A última parcela, de US$ 1,5 trilhão, estará disponível no final de 2012, ano em que Barack Obama tentará a reeleição. Em contrapartida, nos próximos dez anos a Casa Branca terá de promover corte de gastos no valor de US$ 2,4 trilhões.

A arrastada discussão sobre a elevação da dívida dos EUA colocou no patamar do questionamento a eficiência do sistema político norte-americano, não sem antes mostrar o perigo que a queda de braços entre democratas e republicanos representa para o planeta. O clima que marcou o palavrório entre as duas legendas se deu apenas porque os republicanos querem ver Barack Obama bem longe da Casa Branca, mas não têm um candidato à altura para enfrentá-lo.

Independentemente da solução conseguida a fórceps, os títulos ianques possivelmente sofrerão algum tipo de rebaixamento por parte das agências de classificação de risco. Se isso não ocorrer oficialmente, a economia americana entrará em nova fase e terá de crescer para espantar a crise.

Se essa batalha decorreu de alguns erros cometidos após a crise financeira internacional de 2008, o maior deles foi cometido por Obama, que após aquele crucial momento preferiu privilegiar os financistas de Wall Street que chacoalharam a economia global, como forma de reverter a situação, mas deixou ao relento quase 25 milhões de trabalhadores que da noite para o dia passaram a enfrentar o desemprego.