Sucesso do pacote de benefícios à indústria depende de fatores que o Planalto prefere ignorar

Cortina de fumaça – O pacote de incentivos anunciado na terça-feira (2) pela presidente Dilma Rousseff, em Brasília, reduz em R$ 24,5 bilhões os tributos sobre determinados setores da indústria, o que não significa que um dos objetivos do plano, o de enfrentamento da concorrência internacional, será atingido.

É preciso entender que o plano “Brasil Maior”, com prazo curto de duração, não será capaz de isoladamente neutralizar a concorrência covarde e predatória promovida por alguns países, a começar pela China. A falta de capacidade do governo federal de combater a inflação de maneira eficaz tem obrigou o Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Copom, a elevar a taxa básica de juros (Selic), o que encareceu o custo do dinheiro ao consumidor. De tal modo, financiar a produção tornou-se mais caro nos últimos meses, ao mesmo tempo em que se tornou proibitivo adquirir bens ou serviços.

A questão da concorrência proporcionada pelos produtos estrangeiros tem ajudado o governo federal a não perder de uma vez a guerra contra o mais temido fantasma da economia, a inflação. Com a indústria brasileira em processo de desaceleração, coube aos produtos importados suprir a demanda interna, através da manutenção dos níveis de oferta.

Fora isso, o chamado custo Brasil continua encarecendo qualquer mercadoria produzida no País, pois a pífia e degradante situação da infraestrutura prejudica o setor produtivo. Depois dos inúmeros remendos na economia anunciados nos últimos meses, o Palácio do Planalto decidiu dar aos empresários brasileiros um coberto menos curto, pois alguma parte do corpo ainda há de ficar de fora.

Para complicar, a necessidade do governo de financiar a própria dívida faz com que o mercado financeiro seja irrigado por investimentos estrangeiros, o que deve aumentar ainda mais por causa da crise que afeta algumas potências globais.