Panelaço – A indicação do ex-chanceler Celso Amorim para o Ministério da Defesa causou surpresa, especialmente entre as tropas das três Forças Armadas. Amorim nunca fez segredo de sua aversão aos servidores militares. Talvez por isso o Palácio do Planalto decidiu fazer a solenidade de posse, logo mais às 15h30, no Salão Nobre do Palácio do Planalto, a portas fechadas. Até o final da manhã desta segunda-feira (8), o cerimonial trabalhava com a ideia de restringir o acesso aos jornalistas.
No início da tarde, o acesso ficou mais flexível para os profissionais credenciados, mas o número de convidados será restrito. A posse não será badalada, como acontece em ocasiões similares. O momento não é de festa, mas de prudência.
Os assessores palacianos devem ter sentido o golpe da insatisfação da caserna, pois a continência e o respeito à autoridade máxima civil do Exército, Aeronáutica e Marinha ainda é uma questão pouco digerida nos quartéis. E o passado de Celso Amorim ajuda a esfriar as relações dos militares com a presidente Dilma Rousseff.
Para diminuir o clima ruim, o general aposentado Leônidas Pires Gonçalves veio em auxílio de Amorim. “É um homem de experiência em altos cargos, conhece a questão internacional e tem todas as condições se sair bem”, declarou hoje ao “Correio Braziliense”.
As observações do ex-comandante do Exército, entre 1995 e 1990, pode não definir exatamente o que pensam os oficiais. No domingo (7), provavelmente numa demonstração indireta da insatisfação da tropa, mulheres e parentes de militares fizeram um protesto na troca da bandeira nacional, na Praça dos Três Poderes. Eles cobraram reajuste de 135% de reajuste salarial. Esse percentual permitiria ter o poder de compra de uma década atrás.
Na solenidade de troca da bandeira, não houve gritos ou palavras de ordem. Mas no final houve um panelaço. Os parentes foram observados pelos militares que não fizeram nenhum gesto de dispersão da manifestação.