Dilma Rousseff muda de tática, se aproxima da imprensa e reafirma que Brasil “não é uma ilha”

(Detalhe de obra do artista Romero Brito)
Preparando o terreno – Dilma Rousseff (PT) mudou de tática. A exemplo do antecessor, Luiz Inácio da Silva, que não perdia a oportunidade de passar recados em palanques e em rápidas entrevistas, a presidente da República decidiu se aproximar dos jornalistas credenciados no Palácio do Planalto. Em menos de uma semana, concedeu a segunda entrevista. Nesta segunda-feira (8), falou novamente sobre a crise financeira mundial.

“Queria deixar claro que não compartilhamos com a avaliação precipitada e um tanto quanto rápida e, eu diria assim, não correta da agência que diminuiu o grau de valorização de crédito dos Estados Unidos, a Standard & Poor’s”, disse ao receber o primeiro-ministro do Canadá, Stephen Harper, em Brasília.

Para ela, o Brasil “não é uma ilha” e, portanto, não está “imune” às turbulências mundiais. Segundo conta a jornalista Laryssa Borges, do portal “Terra”, na avaliação da presidente, mesmo que o cenário econômico mundial esteja instável com as situações financeiras dos Estados Unidos e de países da Europa, o mercado interno nacional está mais bem preparado do que estava durante 2008 e 2009, quando a crise de crédito se agravou.

“Hoje estamos muito mais fortes para enfrentar a crise do que estávamos no início de 2009 e final de 2008. Temos quase 60% a mais de reservas. Hoje chegamos a quase US$ 350 bilhões. Temos muito mais recursos depositados no Banco Central a título de compulsório. Hoje um pouco mais que o dobro, US$ 420 bilhões de reservas, é o que possuímos no Banco Central. Mas temos clareza que não somos imunes, que não vivemos em uma ilha. Sabemos que o Brasil tem força o suficiente (…) para fazer face a essa conjuntura”, ressaltou Dilma.

Sem citar o governo de Barack Obama ou o impasse entre republicanos e democratas nas negociações sobre o aumento do teto da dívida dos Estados Unidos, a presidente atribuiu as novas turbulências a “políticas monetárias unilaterais, insensatez política na condução da economia e ajustes fiscais não completados”.

“Expressei ao primeiro-ministro (do Canadá) minhas preocupações com a deterioração da situação econômica e financeira internacional. Políticas monetárias unilaterais, insensatez política na condução da economia, ajustes fiscais não completados comprometem o crescimento da economia mundial e golpeiam o equilíbrio social e político de muitos países desenvolvidos. Quem paga a conta é o conjunto da humanidade, inclusive aquela parte que soube implementar alternativas de desenvolvimento com inclusão social e equilíbrio”, criticou.