Base aliada embarca no clima de denuncismo depois de escândalo em ministério controlado pelo PMDB

Ânimos acirrados – A base aliada está em polvorosa. Depois do escândalo no Ministério do Turismo, que ganhou as manchetes com a Operação Voucher, da Polícia Federal, e com o PMDB no foco por conta do escândalo na pasta que tem a sua chancela, caciques do partido já alardeiam que não ficarão sozinhos assistindo a uma eventual execração. A presidente Dilma Rousseff soube logo pela manhã da operação da PF que detectou desvios da ordem de R$ 4 milhões. Em seguida, conversou com o vice-presidente Michel Temer e também ligou para o ministro do Turismo, Pedro Novais.

Após a ministra Gleisi Hoffmann ter contatado o ministro, a avaliação palaciana é de que a crise não deverá chegar a Novais. Por isso, a tendência é de que ele permanecerá no cargo, apesar de o secretário-geral do ministério, Frederico Silva da Costa, ter sido preso pelos policiais. Não se pode descartar nesse enxadrismo da corrupção o fato de o PMDB ser um dos mais importantes sustentáculos da base aliada.

Passadas as primeiras horas depois da operação policial, o PMDB sinaliza que não pretende ficar isolado e por isso já colocou a boca no trombone. Segundo o presidente da sigla, senador Valdir Raupp (RO), “tem gente do PT e do PTB também” no imbróglio do Ministério do Turismo. Na Esplanada dos Ministérios o clima é de forte “denuncismo” entre integrantes da base aliada. Como consequência, a oposição está empenhada em conseguir as assinaturas necessárias para emplacar a CPI da Corrupção.

Vale lembrar que, enquanto isso, o Partido da República, que recentemente foi ejetado do Ministério dos Transportes, cobra isonomia por parte do governo na investigação das denúncias. Outro aspecto que se observa é que uma reforma ministerial deve acontecer antes do previsto, desta vez com a digital da presidente Dilma Rousseff.

A questão agora é saber se o ministro Pedro Novais, apaniguado do senador José Sarney, desconhecia as estripulias do secretário-executivo, Frederico Silva da Costa, segundo na hierarquia do ministério. Se tal hipótese se confirmar, Novais não tem condições de continuar à frente da pasta, pois peca por não saber o que acontece ao seu redor. Em contrapartida, Pedro Novais, senhor de notável incompetência para o cargo, pode ser acusado de conivência, caso confirme que tinha o ministério nas suas mãos.

Independentemente da corrente ideológica do partido que tem alguns de seus integrantes acusados de corrupção, Dilma deveria promover uma profunda faxina nos primeiro e segundo escalões, algo que petistas e aliados não gostam nem mesmo de cogitar.