Crise será enfrentada com benesses à indústria, mas trabalhador faz contas ao comprar alimentos

Só para enganar – Repetindo o que tem afirmado a presidente Dilma Rousseff, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse em sua passagem pela Câmara dos Deputados, na terça-feira (9), que o Brasil está preparado para enfrentar as consequências da crise econômica que ainda agita os Estados Unidos e sacode a Europa. Contundo, o titular da Fazenda ponderou que esse enfrentamento terá ônus para os brasileiros, que, como sempre, no final pagam a conta.

Durante exposição que fez aos deputados, Mantega destacou o plano “Brasil Maior” como uma das armas para enfrentar a crise. Até mesmo o mais desinformado ser do planeta sabia da aproximação da crise, mas o governo brasileiro, assim como outros tantos, deixou para a última hora a tomada de decisões, que no preâmbulo deu espaço para críticas ao capitalismo, o que é normal quando se trata de um governo comunista formado por herdeiros do genial Aladim.

Se as medidas previstas no “Brasil Maior”, ainda não detalhadas, surtirão efeito não se sabe, mas é certo que até lá o brasileiro terá de lançar mão daquele famoso “jeitinho” para sobreviver. Enquanto isso, especialistas do mercado financeiro apostam no consumo interno como tábua de salvação para a crise que se avizinha. Entre os tantos Messias das finanças, alguns acreditam que a alimentação é a última despesa que o consumidor reduz, o que, em tese, favoreceria o agronegócio.

Acontece que a realidade é outra e está bem distante desses encastelados que deglutem pesquisas diuturnamente. Como faz regularmente, a reportagem do ucho.info pesquisou nos últimos dias os preços de frutas e hortaliças. No Ceagesp, maior centro de hortifrutigranjeiros da América Latina e que está sob o comando do Ministério da Agricultura, os preços das frutas estão simplesmente proibitivos.

O ousado brasileiro que, seguindo as recomendações nutricionais, colocar à mesa apenas uma mexerica ponkan a cada dia, no final do mês terá desembolsado R$ 16,25, pois a saborosa fruta era vendida a R$ 6,50 a dúzia. Esse arroubo gastronômico representa 3% do salário mínimo. Se a tal mexerica for comprada em feiras livres, o preço da dúzia pode chegar a R$ 10, conforme constatou a reportagem deste site.

A situação fica ainda pior se o cidadão resolver adicionar ao seu cardápio frugal um abacaxi por semana. Para isso ele será obrigado a tirar da carteira R$ 20 mensais. Com mais uma banana por dia, a conta total desse magro cardápio, mas saudável, a conta cresce em R$ 15 e chega a R$ 51,25, o que equivale a quase 10% do salário mínimo (R$ 545), fortuna que a cada trinta dias chega ao bolso de 19 milhões de brasileiros. Mesmo assim, os palacianos ainda têm esperança de que os famintos trabalhadores sejam capazes de produzir o suficiente para enfrentar a crise.

Quando aterrissou no Palácio do Planalto, o messiânico Luiz Inácio da Silva adotou como slogan de governo o bordão “Brasil, um país de todos”. E quem vai às compras sabe que o Brasil continua sendo de uma minoria, agora freqüentada por aqueles que diziam defender a maioria marginal. Com a chegada de Dilma Rousseff ao poder central, o slogan de governo mudou, como é normal quando se quer cunhar a própria gazeta. E Dilma adotou o slogan “Brasil rico é país sem pobreza”. Tudo muito bem, mas os preços dos alimentos têm mostrado que o contingente de pobres está aumentando diariamente. E que ninguém confunda poder de compra através de crédito fácil com riqueza ou algo parecido.