Oposição erra ao tentar puxar a petista Marta Suplicy para o centro do escândalo do Turismo

(Foto: Folha de S. Paulo)
Pegando carona – Se o ser humano e político por natureza, conforme alegam os especialistas, a política no Brasil carece cada vez mais de bom senso e coerência. Quem acompanha de perto o cotidiano da vida política nacional sabe que o País avança cada vez mais na direção da insolubilidade, pois a tentar questionar o Estado a oposição tropeça no oportunismo burro e desnecessário.

Há muito que os jornalistas do ucho.info insistem na tese de que o Brasil, assim como tantos outros países, carece de oposição republicana, ação que reduziria as chances de o Parlamento ser transformado em palco de uma ópera bufa.

No momento em que tem nas mãos a oportunidade de cobrar dos governantes explicações sobre suas transgressões, a oposição se perde diante da necessidade de se reafirmar politicamente. Em outras palavras, por questões de sobrevivência momentânea os contrários à situação deixam escapar a oportunidade de exercitar a oposição republicana, algo absolutamente necessário, no médio e longo prazos, para qualquer sociedade minimamente organizada.

Um bom exemplo desse equívoco político foi a oportunidade desperdiçada pela oposição de, no rastro da CPI dos Correios, conter o então presidente Luiz Inácio da Silva. Durante as investigações descobriu-se que a campanha de Lula foi irrigada com dinheiro de origem não comprovada e que estava depositado em conta bancaria no exterior. O marqueteiro Duda Mendonça, por sua vez, confirmou ter recebido parte dos honorários da campanha através de uma empresa off shore, a Dusseldorf, sediada em paraíso fiscal.

À época, os partidos de oposição, capitaneados pelo PSDB, poderiam ter requerido o impeachment de Lula, mas embalados pela tese do politicamente correto preferiram entoar o canto da governabilidade. E o resultado aí está para ser conferido. Lula não apenas fez daquele cochilo oposicionista o começo de uma via para inviabilizar qualquer arroubo eleitoral dos adversários, mas cultivou no inconsciente coletivo a teoria da impunidade, assunto que ainda lhe rende popularidade obtusa.

Agora, com os escândalos de corrupção surgindo dia após dia, a oposição, de olho nas eleições municipais de 2012, tenta ressurgir na vitrine política nacional como a única saída para o caos que se instalou no Brasil. Por conta desse desejo, os oposicionistas apontaram a metralhadora contestatória na direção da senadora petista Marta Suplicy, uma vez que a ex-prefeita de São Paulo esteve ministra do Turismo durante um ano, a convite de Lula da Silva.

Creditar gratuitamente, sem investigação alguma, responsabilidade à senadora paulista, por conta dos recentes escândalos no Ministério do Turismo, é sinal de desespero. Nem mesmo o fato de um dos presos na Operação Voucher, Mário Moysés, ter sido chefe de gabinete de Marta Suplicy justifica a posição esdrúxula adotada pelo PSDB. Não se trata de defender um para atacar outro,ou vice-versa, mas esse tipo de oposição não funciona, a não ser para colocar em evidência uma minoria.

O Brasil precisa, sim, ser passado a limpo, mas não será com oportunismo e fanfarrice que isso acontecera. Agindo de tal modo, a oposição repete o estilo político galhofeiro que Lula adotou durante oito anos e ainda faz na faixa marginal do poder.