Dois pesos – Na tarde desta quinta-feira (18), o Impostômetro, equipamento instalado no centro da capital paulista e que registra o valor pago em tributos pelos incansáveis brasileiros, alcançou a marca de R$ 900 bilhões. Somente aos cofres federais os contribuintes enviaram, até hoje (17h52), pouco mais de R$ 537bilhões.
A grande questão que marca o apetite arrecadatório oficial é que nem mesmo em sonho o Estado, como um todo, oferece a contrapartida aos cidadãos, que cada vez mais são obrigados a conviver com o descaso das autoridades e seguidos escândalos de corrupção. À margem desse cenário deprimente está a voracidade com que a iniciativa privada supre a ausência do Estado, como acontece na saúde, educação, segurança, entre tantos segmentos.
No contraponto, a “Operação Alquimia”, deflagrada conjuntamente pela Polícia Federal e Receita Federal, na quarta-feira (17), prendeu 23 suspeitos de integrar um grupo acusado de sonegar R$ 1 bilhão em tributos. Não se trata de ressuscitar o conceito básico do anarquismo, no qual o cidadão, soberano absoluto, rejeita o governo e a autoridade do Estado, mas de cobrar isonomia no tratamento dos fatos, o que deveria ser feito diuturnamente pela sociedade, que sempre vibra quando pessoas são levadas à prisão por conta de transgressões ou atos criminosos.
Ao avançar no bolso do consumidor, sem dar a contrapartida prometida aos bolhões e garantida constitucionalmente, o Estado incorre em crimes variados, os quais deveriam ser imputados aos seus operadores, uma vez que não há como mandar à prisão a pessoa jurídica constituída [o Estado].