Mudança no comando da Agricultura esvaziou a repercussão da “Marcha das Margaridas”

Movimento ofuscado – Por conta da reverberação dos escândalos de corrupção na Esplanada dos Ministérios e o pedido de demissão de Wagner Rossi, que na noite de quarta-feira (17) deixou o Ministério da Agricultura, a “Marcha das Margaridas”, movimento contra a violência a trabalhadoras rurais, perdeu espaço no noticiário e no staff palaciano.

Ao som de “Olê, olé, olé, olá, Dilma, Dilma”, a presidente da República foi recepcionada por milhares de integrantes do movimento que lotaram o Centro de Exposições, no Parque da Cidade, em Brasília, que na quarta-feira sofreu com o trânsito por causa do evento. De olho na turbulência gerada pelas crise que dominam o seu governo, Dilma Rousseff deixou rapidamente o local, a bordo do helicóptero presidencial, como forma de escapar do congestionamento que se formou na capital dos brasileiros

Dentre os objetivos do movimento estão a luta contra as desigualdades sociais, a denúncia a todas as formas de violência, exploração e dominação e o avanço na construção da igualdade para as mulheres. O nome da marcha, que também aconteceu em 2000, 2003 e 2007, leva o nome da sindicalista rural Margarida Maria Alves, assassinada em 1983 em Alagoa Grande, na Paraíba.

A líder camponesa Elizabeth Teixeira, de 86 anos, foi homenageada durante a abertura. Viúva do fundador da Liga Camponesa de Sapé, na Paraíba, João Pedro Teixeira, ela foi presa durante a ditadura e teve marido e dois filhos assassinados na luta por terra. “É muito difícil a vida dos trabalhadores do campo.”

Acompanhada de quatro amigas e um amigo, Maria Da Glória Carneiro Santos, de 56 anos, saiu de Várzea da Roça, na Bahia, para participar pela primeira vez da Marcha das Margaridas. Ela disse que vende cocada para merenda escolar e que está pela segunda vez na cidade. “Espero que a presidente, como mulher, olhe mais para nossas necessidades.”

Durante o encontro, usando um chapéu igual ao das manifestantes, Dilma Rousseff anunciou as iniciativas do governo federal para atender às demandas e reivindicações das trabalhadoras do campo. A presidente entregou às trabalhadoras um caderno com medidas que estão sendo tomadas com base nos pedidos feitos pelo grupo em encontros com ministros, há aproximadamente um mês.

Entre os compromissos assumidos por Dilma destacam-se a construção de centros de saúde, alguns deles fluviais, que atenderão as trabalhadoras rurais nas regiões ribeirinhas da Amazônia, unidades para emissão de documentos, escrituração de propriedades com inclusão do nome da mulher, acesso à alfabetização e a cursos profissionalizantes.

Afirmando que está sempre aberta ao diálogo, Dilma Rousseff disse prometeu criar um grupo interministerial, com a participação da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), para avaliar semestralmente com representantes do governo federal o andamento das medidas anunciadas e o recebimento de novas reivindicações.