Dilma Rousseff muda o discurso e abandona o termo “faxina” para garantir sua sobrevivência política

Não é bem assim – Quando os casos de corrupção no Ministério dos Transportes e autarquias vieram à tona, a presidente Dilma Rousseff decidiu fazer uma faxina na pasta. A operação culminou com a demissão de Alfredo Nascimento, que renunciou ao cargo de ministro e retomou o mandato de senador da República.

O termo “faxina” perdurou durante longas semanas no vocabulário do poder, até que Dilma, em recente entrevista, tenha creditado à imprensa o uso de tal palavra. Pouco importa se foram os veículos de comunicação sugeriram uma faxina na máquina federal, que nas últimas vem sendo alvejada por seguidas denúncias de corrupção. A necessidade de uma profunda assepsia nas estruturas do poder é incontestável.

A conivência de Dilma Rousseff com o termo “faxina” ficou latente quando Alfredo Nascimento, de volta ao Senado Federal, ocupou a tribuna da Casa para anunciar, entre tantos assuntos, que o “Partido da República não é lixo”. Até porque, uma faxina sempre está diretamente relacionada a lixo ou sujeira.

Com dois ministérios comandados pelo PMDB (Turismo e Agricultura) no olho do furacão, a presidente decidiu mudar o discurso. Depois de culpar a imprensa pelo ressurgimento da palavra em questão, Dilma disse em São Paulo, durante cerimônia no Palácio dos Bandeirantes, que o País precisa fazer uma “faxina contra a miséria”.

Essa repentina e nada suave mudança no palavrório presidencial tem dois motivos. O primeiro deles, relacionado à sobrevivência política de Dilma, é que o PMDB não quer levar adiante o carimbo de corrupto. E o vice-presidente Michel Temer, um dos caciques do PMDB, já anunciou que não existe “faxina”.

O segundo motivo, que está atrelado ao futuro político de Dilma Rousseff, é que a tal “faxina” tem destronado pessoas que foram herdadas da era do messiânico Luiz Inácio da Silva, responsável pelo período mais corrupto da história nacional. Como se sabe, Lula já trabalha para retornar ao Palácio do Planalto em janeiro de 2015. E carregar o fardo de alguém complacente com a corrupção não está nos planos do ex-presidente.

A corrupção disparou nos últimos anos porque Lula mudou a forma de comprar apoio no Congresso Nacional depois que o escândalo que ficou nacionalmente conhecido como “Mensalão do PT” veio à tona e resultou em um rumoroso processo que tramita no Supremo Tribunal Federal.