Briga na bancada do PP na Câmara ainda está muito longe de acabar por conta de interesses fisiológicos

Olho grande – O deputado Esperidião Amin (PP-SC) não é o melhor companheiro que Mário Negromonte (BA), o ministro das Cidades que hoje acompanha a presidente Dilma Rousseff em viagem a Pernambuco, pode ter neste momento. Negromonte quer ver pelas costas o colega de Santa Catarina, que admitiu publicamente que foi o autor das denúncias sobre a proposta de um “mensalinho” para deputados progressistas com dinheiro público.

A notícia já havia sido antecipada pela reportagem do ucho.info há uma semana, mas na edição da revista “Veja” desta semana, o ex-governador declarou textualmente: “Na quarta-feira, dia 10, eu disse à ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) que o ministério, um prédio governamental, público, estava sendo usado para fazer pressão chapa-branca contra os nossos parlamentares”.

O jornalista catarinense Moacir Pereira lembra que o tal quartel-general para pressionar deputados pepistas a fechar com Negromonte seria integrado por João Alberto Pizzolatti (SC), Nelson Meurer (PR), José Otávio Germano (RS) e Luiz Fernando Faria (MG). Para Pizzolatti, “Esperidião passou de todos os limites e terá que provar a acusação, sob pena de responder na Justiça”.

A briga entre os dois é apenas a ponta de uma rusga de grandes dimensões que rachou ao meio a bancada do PP na Câmara dos Deputados, com respingos sobre a bancada no Senado Federal. As desavenças estão sendo estimuladas por uma série de fatores, inclusive pelo desejo de ocupar o ministério das Cidades pelo grupo capitaneado por Paulo Maluf (SP), Ciro Nogueira (PI) e Esperidião Amin.

Há também uma briga pela direção da Chesf, no Rio de Janeiro, e a disputa pela diretoria de Abastecimento da Petrobrás, ocupada pelo afilhado de José Janene (PR), morto em setembro passado. Janene foi um dos políticos envolvidos no esquema do mensalão, segundo informou hoje o “Correio Braziliense”.

Contra Mário Negromonte pesa a suspeita da utilização de uma empresa de fachada contratada pela prefeitura de Glória (BA), sob o comando de Ena Vilma Negromonte (PP), mulher do ministro, é administrada pelo irmão da melhor amiga e assessora da prefeita. A Jair Serviços e Construções Ltda. já recebeu quase R$ 1 milhão para tocar obras no município, depois da eleição de Ena.

Como o jornal revelou na edição de domingo (28), a empresa é desconhecida na região e funciona em uma casa de classe média no Loteamento Panorama, em Paulo Afonso, a 13km de Glória.